RURAL | CORREIO DO POVO | PÁGINA 8
O transporte de leite foi o alvo da 9ª fase da Operação Leite Compen$ado, deflagrada ontem, em Esmeralda, no Nordeste do Estado, pelo Ministério Público e pela Superintendência do Ministério da Agricultura (Mapa/RS). Um empresário do setor e três motoristas foram presos sob a acusação de adulteração do produto, após quatro meses de investigação. O destino do leite adulterado ainda está sob investigação.
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Segundo o promotor de Justiça Criminal Mauro Rockenbach, a empresa recolhia leite até sete dias após a ordenha, enquanto que o prazo máximo é de 48 horas, conforme a legislação. Rockenbach revelou que o grupo adicionava bicarbonato de sódio e água para mascarar a acidez do leite velho. A substância foi encontrada em dois locais nos quais o MP efetuou buscas na manhã de ontem. A investigação aponta que o proprietário orientava os motoristas a executar a fraude.
O leite transportado seria encaminhado para a Laticínios Unibom, de Água Santa. De acordo com o promotor, não foi identificada participação do posto de resfriamento na fraude. “Eles recebiam a carga já adulterada”, aponta Rockenbach. De acordo com o promotor, os quatro envolvidos poderão responder por fraude de produto alimentício e associação criminosa, entre outros crimes. A empresa recolhia entre 40 e 50 mil litros de leite cru diariamente junto aos produtores de vários municípios da região.
“O leite que está ácido, com cinco a sete dias, já perdeu todos os nutrientes”, afirma o promotor de Defesa do Consumidor, Alcindo Luz Bastos da Silva Filho. O trabalho de investiga- ção segue nos próximos dias, com tomada de depoimentos. O MP tem dez dias para oferecer denúncia à Justiça. Ao falar com jornalistas, o proprietário da empresa alegou inocência.
A chefe da Divisão de Defesa Agropecuária da Superintendência do Ministério da Agricultura, Ana Stepan, revelou frustração com o fato de a fraude envolver novamente os transportadores, que têm sido alvo de qualificação por meio do Programa Alimentos Seguros (PAS) Leite. “Ficamos muito decepcionados quando vemos que, mesmo com treinamento e capacitação, mesmo com oito operações, eles continuam fraudando o leite”, afirmou. Ainda conforme Ana, a greve dos fiscais federais agropecuários não prejudicou a operação realizada ontem. O Sindicato da Indústria de Laticínios emitiu nota de apoio à operação e repúdio a qualquer adulteração do leite.