CORREIO DO POVO | RURAL | PÁGINA 14
A certificação do Rio Grande do Sul como área livre de peste suína clássica, ocorrida em maio de 2015, deu uma outra condição à suinocultura gaúcha, mas não abriu novos mercados. Um ano depois, representantes do setor avaliam que, para alcançar países exigentes, o Estado ainda enfrenta como obstáculo o fato de ser zona livre de febre aftosa com vacinação.
“A certificação é uma condição diferenciada. Entretanto, não podemos avaliar que tenha ocorrido um ganho significativo em razão disso”, avalia Rogério Kerber, diretor executivo do Sips. Na opinião dele, a certificação — obtida em conjunto com Santa Catarina — traz uma tranquilidade maior para o importador. “Mas temos um limitante maior que é a condição de ser estado livre de febre aftosa”, observa. Embora o suíno não seja vacinado contra aftosa, a espécie é suscetível à doença. “Se fosse retirada a vacina, o RS já poderia se apresentar para os mercados que hoje só compram de Santa Catarina (que não vacina)”, complementa. Entre estes mercados, segundo Kerber, estão Japão, Filipinas e Chile.
O vice-presidente de suínos da ABPA, Rui Saldanha Vargas, atribui a não abertura de novos mercados ao pouco tempo decorrido desde a certificação. “Os países que compram ainda não estabeleceram como requisito o aspecto de estar livre de peste suína clássica. O que importa é que já tomamos essa medida com bastante antecipação e não teremos problema quando isso vier a ser requisito”, acredita.
A conquista da certificação, no entanto, não reduziu a vigilância. Segundo a fiscal agropecuária Juliane Galvani, do Programa de Sanidade Suína da Seapi, foram investigadas 77 notificações de mortalidade no ano passado, que resultaram no teste de 1,9 mil amostras de soro suína. Toda tiveram resultado negativo para a doença. Uma das medidas previstas para o segundo semestre deste ano, conforme Juliane, é o monitoramento soro-epidemiológico em criações de subsistência.