JORNAL CORREIO DO POVO | RURAL | PÁGINA 11
Mesmo com expectativa de colher uma safra superior a 5 milhões de toneladas, segundo a Emater, o Rio Grande do Sul ainda está distante de alcançar a autossuficiência na produção de milho. Na sexta-feira e sábado, produtores, cooperativas, entidades e governo debateram alternativas para reverter esse cenário, durante a sexta edição da Abertura da Colheita do Milho, em São Nicolau, região das Missões. O Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips) estima que, neste ano, o Rio Grande do Sul terá de adquirir de outros Estados e países cerca de 1,7 milhão de toneladas.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Milho (Apromilho/RS) Cláudio Luiz de Jesus, um dos pontos que precisa ser revisto é justamente a importação. “Infelizmente, a falta de milho faz com que seja preciso importar. Só que o milho está chegando na hora errada, no mesmo momento em que ocorre a nossa colheita”, observa, ao apontar a necessidade de se encontrar mecanismos para evitar a oscilação dos preços. O saco do grão, que chegou a ser comercializado acima dos R$ 50, é vendido agora a R$ 28, em média, o que só cobre os custos de produção. “Essa volatilidade não incentiva ninguém a plantar milho”, diz.
O diretor-executivo do Sips, Rogério Kerber, diz que o aumento da produção de milho no Estado é “demanda prioritária”. Para ele, o caminho passa por um seguro agrícola que dê mais segurança ao agricultor; linhas de crédito que permitam ao setor privado adquirir e administrar grandes estoques de milho; desenvolvimento de pesquisa para viabilizar mais de uma safra de milho no mesmo ano e estímulo à irrigação. Na Fazenda da Lagoa, onde ocorreu a abertura da colheita, na presença do governador José Ivo Sartori, os 700 hectares de milho são irrigados. O proprietário Valdinei Donatto espera aumentar a produtividade em 10% nesta safra, mas queixa-se do preço em baixa.