Facebook
Contato: (51) 99322.7144
thais@thaisdavila.com.br

16/12/2016 – Diário Popular: Fiscais agropecuários interrompem o trabalho

DIÁRIO POPULAR | POLÍTICA

A produção de carnes, o transporte de animais e a circulação de cargas de origem animal e vegetal, na fronteira com Santa Catarina, devem ficar comprometidos nos próximos dias no Rio Grande do Sul. A partir desta sexta-feira (16), os fiscais agropecuários estarão em greve. Será mais uma categoria a paralisar as atividades, para pressionar a Assembleia Legislativa pela derrubada do pacote de medidas apresentado pelo Governo Sartori.

A Secretaria de Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi), na capital do Estado, será o principal ponto de concentração neste primeiro dia de mobilizações. Haverá, inclusive, distribuição de bananas. “Não gostaríamos de trazer prejuízo aos produtores e à comunidade, mas não tivemos outro jeito. Não há como aceitar esse pacote”, resumiu a presidente da Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afagro-RS), Ângela Antunes de Souza, ao mencionar a possibilidade de desabastecimento de carne neste período entre Natal e Ano-novo.

E, para evitar que a legalidade da greve seja questionada, a categoria se compromete em manter 30% dos abates – já que a Justiça tem enquadrado o serviço como essencial. Outras atividades, como a emissão de Guias de Transporte Animal (GTA) ficarão suspensas. Há, entretanto, outras formas de tentar obter o documento – veja quadro. No interior, a orientação da Afagro é de que as Inspetorias de Defesa Agropecuária permaneçam fechadas.

Saiba mais

* As razões da greve: o pacote apresentado pelo governador José Ivo Sartori (PMDB), com o argumento de redução da crise financeira do Estado, contém várias medidas repudiadas pelo funcionalismo. O fim da obrigatoriedade do pagamento do 13º salário até o dia 20 de dezembro, a institucionalização do parcelamento dos salários e a substituição da licença-prêmio por licença-capacitação estão entre as principais queixas dos trabalhadores.

* A atividade dos fiscais agropecuários no Estado: atualmente, em torno de 500 profissionais – entre médicos veterinários, agrônomos e engenheiros florestais – atuam no Rio Grande do Sul, espalhados pelas 19 Coordenadorias Regionais de Agricultura. Ao todo, aproximadamente 4,5 mil GTAs são emitidos por dia no Estado. Nos cerca de 120 matadouros, sob inspeção estadual, de três mil a quatro mil bovinos são abatidos diariamente. A maioria dos abatedouros de aves e suínos depende de inspeção federal.

* Algumas orientações para os dias de greve
– GTAs: os Guias de Transporte Animal imprescindíveis para circulação, seja para abates, remates ou feiras e exposições, poderão ser eventualmente obtidos através das prefeituras que, em muitos casos, possuem convênio com a Secretaria Estadual de Agricultura. Em situações específicas, o GTA poderá ser providenciado por pecuaristas que possuem cadastro junto ao Sistema da Seapi.
– Postos de divisa: a entrada e a saída de cargas de origem animal e vegetal do Rio Grande do Sul, na fronteira com Santa Catarina, só serão liberadas pela manhã. No turno da tarde, as atividades serão interrompidas durante a greve. Os Postos de Controle – instalados em cidades como Vacaria, Torres e Iraí – só estarão em funcionamento pela manhã. O alerta é da própria presidente da Afagro.
– Frigoríficos: apenas 30% dos abates devem ser mantidos. A presença de veterinários é essencial para as condições sanitárias dos animais serem verificadas antes de serem abatidos. O impacto, portanto, deve ser sentido nos próximos dias.

Preocupação entre os leiloeiros
Os remates programados para este final de semana estão mantidos. Os pecuaristas que levarão animais para Arroio Grande, Herval, Bagé, Cruz Alta, São Borja e São Francisco buscavam se antecipar à greve e assegurar os GTAs, para não perderem a oportunidade de negócios. O presidente do Sindicato dos Leiloeiros Rurais do Estado (Sindiler-RS), Jarbas Knorr, admite a preocupação, mas prefere não fazer prognósticos. “Temos que esperar os acontecimentos para saber que atitudes tomar. Não sabemos quanto tempo vai durar a greve”, destacou.

E, ao conversar com o Diário Popular, na manhã de ontem, em nenhum momento Knorr questionou a legitimidade do movimento dos fiscais agropecuários. “Não podemos ser contra nem evitar. É um direito que eles têm.”

Clique aqui para ver a matéria na página.