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11/12/2016 – CP: Saber que avança

JORNAL CORREIO DO POVO | RURAL

Das 215 milhões de cabeças de gado existentes no Brasil – dado apurado em 2015 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – cerca de 20 milhões recebem hoje tratamento homeopático. O universo pode parecer pequeno, mas representa um crescimento significativo para a consolidação da terapia, reconhecida como especialidade da Medicina Veterinária no país há apenas duas décadas. Segundo a Associação Médico Veterinária Homeopática Brasileira (AMVHB), entidade que desde o ano 2000 organiza os veterinários especialistas em Homeopatia, pesquisas científicas demonstram a eficácia desta técnica no combate a moléstias infecciosas e parasitárias em animais criados para o consumo humano. De acordo com a presidente da AMVHB, Mônica Filomena de Souza, foi isto que garantiu um avanço de 300% na procura dos produtores pela alternativa em comparação ao final dos anos 90.

Mônica afirma que os resultados obtidos hoje em tratamento das mastites do gado leiteiro e de parasitas como o carrapato afastam cada vez mais a visão de que a homeopatia é um placebo. “Temos experiências de que a terapia homeopática promove o bem-estar geral dos animais, aumenta sua imunidade a novas infecções e resolve dois problemas: o da intolerância e o da resistência aos medicamentos químicos”, diz. Por outra via, ressalta a veterinária, a expansão do uso das fórmulas homeopáticas atende a uma demanda crescente de mercado por produtos de consumo humano livres de resíduos. “A conscientização dos consumidores, que cada vez mais exigem produtos de origem limpa, inclusive no mercado internacional, está fazendo o produtor refletir sobre as vantagens de adotar a terapia. Isso sem contar o aspecto financeiro da própria produção, já que os medicamentos homeopáticos custam em média 10% do valor dos alopáticos”, destaca Mônica, especialista em homeopatia para grandes animais que atua no Mato Grosso do Sul.

Em Montenegro, no Centro de Formação da Emater/RS, o veterinário Gustavo Krahl de Vargas, aplica a terapia em 42 bovinos de corte e 28 vacas leiteiras da raça Holandês. Gustavo faz questão de acentuar que a homeopatia é uma ferramenta da veterinária e que sua utilização está indicada dentro de um contexto de ações de manejo que o agricultor deve adotar. “No caso do carrapato, por exemplo, não vai adiantar o produtor usar a homeopatia se não tomar as providências sanitárias para o tratamento do animal e não prestar atenção ao ciclo do próprio parasita”, argumenta. Conforme o especialista, é preciso tratar o animal com substâncias que reforcem seu sistema imunológico, mas é fundamental a utilização do nosódio (remédio produzido a partir do carrapato, oferecido ao bovino na suplementação de sal mineral, que atua também sobre o parasita e reduz sua capacidade de multiplicação). “Desta forma, conseguimos diminuir o sofrimento do animal diante do parasita, responsável por muitos óbitos entre os bovinos, e reduzir sua infestação no local onde o gado vive”, lembra. Na unidade da Emater são oferecidos cursos para capacitar os produtores a entender que a homeopatia pode ser um coadjuvante importante na qualidade de seu trabalho. A instituição pretende implementar, a partir de 2018, o curso de Homeopatia Rural, com foco não apenas em seus benefícios à veterinária, mas também à horticultura e à fruticultura.

O Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) não tem contabilizado quantos especialistas em homeopatia animal existem no Estado, mas reconhece que cresce o investimento dos profissionais na área. “Só são reconhecidos como especialistas aqueles profissionais com pós-graduação, que realizam a prova anual da AMVHB, e depois são acreditados pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária”, observa Rodrigo Lorenzoni, presidente do CRMV. Lorenzoni ressalta que é difícil para o conselho se posicionar sobre a eficácia da terapia homeopática nos animais. “Por enquanto, a pesquisa é mais robusta no campo das medicações alopáticas. Mas há um aumento no crédito aos resultados do uso da homeopatia”, observa.

Todos os profissionais asseguram, entretanto, que o norte de atuação na medicina veterinária, seja ela tradicional ou alternativa, como é o caso da homeopatia, é a saúde e o bem-estar animal. “É evidente que quando o animal não responder à terapia homeopática, o veterinário vai lançar mão da alopatia para garantir a recuperação. Uma coisa não exclui a outra. É uma questão de responsabilidade”, pondera Gustavo de Vargas.

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