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ZH: Por que viajar é importante

ROSANE DE OLIVEIRA | ZERO HORA | PÁGINA 11

Não faltarão vozes a condenar o governador José Ivo Sartori por ter viajado para a Europa em meio à crise financeira que levou o Estado a atrasar os salários dos servidores do Executivo que ganham acima de R$ 5,1 mil. Trata-se de uma visão estreita de que o governante deva ficar sentado no gabinete para economizar passagem de avião e diárias de viagem, quando a discussão que precisa ser feita é outra: qual a importância da agenda a ser cumprida no Exterior?

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Quem tem dúvidas sobre a importância e a necessidade de um governador sair do casulo deveria espichar o olho para Santa Catarina e ver o que Raimundo Colombo vem conseguindo atrair para seu Estado. Colombo é um dos governadores que mais viajam para fora do país. A fábrica da BMW é apenas uma das conquistas.

Esta é a primeira viagem de Sartori ao Exterior e só poderá ser avaliada posteriormente, a partir dos resultados. É um roteiro curto, que começa amanhã e termina na quinta-feira, mas com boas possibilidades de resultar em investimentos capazes de reforçar a matriz produtiva do Rio Grande do Sul. O primeiro e com possibilidades mais concretas de apresentar resultados é a visita ao Medical Valley, na cidadezinha alemã de Erlangen, ao lado de Nuremberg. Lá, será assinado protocolo de intenções para instalação de cluster da área biomédica no eixo São Leopoldo-Porto Alegre.

As negociações não começaram agora. Há pelo menos três anos, os alemães avaliam as condições oferecidas pelo Rio Grande do Sul e as comparam com São Paulo e Minas Gerais, para decidir onde instalar a réplica brasileira do Medical Valley.

A presidente do Badesul, Susana Kakuta, que participou dessas negociações desde o início, como gestora do Tecnosinos, tem convicção de que está se abrindo uma janela de oportunidades para a instalação de indústrias de alta tecnologia e centros de pesquisas na área biomédica.

O professor alemão Tobias Zobel, diretor-executivo do Medical Valley e anfitrião do governador em Erlangen, diz – em português carregado de sotaque – que o Estado reúne quatro condições básicas para receber o empreendimento: universidades de excelência, polos tecnológicos, rede qualificada de hospitais e indústrias de alta tecnologia. Transformar o Vale do Sinos no Vale da Saúde é uma meta ambiciosa, que pode começar a se concretizar com a assinatura desse documento.

Na Alemanha, o chefe da Casa Civil, Márcio Biolchi, vai se encontrar com executivos de uma empresa que pretende se instalar o Rio Grande do Sul, mas exige sigilo nas negociações. O governo não informa sequer o ramo de atividade. Depois de dois dias na Alemanha, a comitiva vai a Paris. Em companhia do prefeito José Fortunati, que acompanha toda a agenda em Erlangen, Sartori visitará uma unidade da Airbus que produz equipamentos e programas de segurança. As negociações para a instalação de uma fábrica em Porto Alegre estão adiantadas e, se forem bem-sucedidas, mudarão o perfil econômico do Quarto Distrito, hoje área degradada que, a cada eleição, os candidatos prometem revitalizar.

Encerrando a agenda na Europa, Sartori receberá o certificado de que o RS é zona livre de peste suína sem vacinação, concedido pela Organização Mundial da Saúde Animal. Um certificado desses é uma espécie de selo de qualidade da carne suína e serve para fidelizar mercados já conquistados.