CAMPO ABERTO | ZERO HORA | PÁGINA 21
Ao crescer 15,6% no segundo trimestre, superando o bom resultado no mesmo período de 2014, a agropecuária deu uma contribuição extraordinária para evitar que a economia gaúcha tivesse uma retração maior no semestre. Enquanto no país a queda do Produto Interno Bruto (PIB) foi de 2,1% em seis meses, no Rio Grande do Sul o recuo ficou em 0,9%, conforme divulgado ontem pela Fundação de Economia e Estatística (FEE).
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O desempenho superior ao nacional responde por um nome: soja. A colheita recorde da oleaginosa neste ano fez a agropecuária gaúcha crescer 9,7% no primeiro semestre – avanço duas vezes maior ao do Brasil, de 3%. O arroz também deu sua parcela de contribuição.
Olhando para frente, é difícil prever que o setor primário repita tal performance tão cedo.
– Inevitavelmente, a agricultura será contaminada pela crise por meio da alta dos custos de produção – prevê Antonio da Luz, economista da Federação da Agricultura no Estado (Farsul).
Os custos de produção na safra 2015/2016 serão de 15% a 19% maiores do que no ciclo passado, conforme estudo feito pela entidade. Despesas maiores tendem a conter o ímpeto dos produtores na hora de comprar os insumos – podendo resultar em produtividades menores nas lavouras.
– Mesmo que tudo ocorra de maneira perfeita, será muito difícil a agricultura repetir o mesmo desempenho em 2016 – destaca o presidente da FEE, Igor Morais.
O reflexo de um cenário diferente já apareceu na primeira estimativa de safra da Emater, que prevê produção de grãos 7% menor em 2016. Além dos custos maiores, Morais cita a instabilidade econômica, que acaba gerando incertezas na hora de investir. Esperar que a agricultura salve novamente a lavoura é exigir muito de um setor que vem se superandoada a cada ano.