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ZH: Paciência milenar para convencer o Japão

CAMPO ABERTO | ZERO HORA | PÁGINA 19

Considerado mercado premium, o Japão segue resistindo ao levante de embargo imposto à carne bovina brasileira, após a comunicação de caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina (popularmente conhecida como mal da vaca louca) em 2012. Quase três anos depois, o governo federal segue batalhando para que o mercado seja retomado.

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A expectativa de que isso possa ocorrer ganhou força, ontem, em Tóquio, durante visita da ministra da Agricultura, Kátia Abreu. Na ocasião, foi anunciada a vinda ao Brasil de uma missão de técnicos japoneses. O grupo irá inspecionar laboratórios, frigoríficos e propriedades.

– Sabemos da preocupação do Ministério da Saúde. Por isso, queremos, com muita compreensão, que o governo japonês conheça de fato o sistema brasileiro de defesa, porque temos certeza que eliminarão suas preocupações – afirmou a ministra, estimando que, até agosto, as barreiras para a exportação desse produto possam ser superadas.

Os ministérios da Agricultura e da Saúde do Japão receberam ontem documentos de análise de risco que estavam pendentes. Foi a penúltima das sete etapas a serem cumpridas para a liberação da venda de carne bovina termoprocessada – o produto in natura nunca entrou no mercado do país asiático, e a briga por esse espaço virá mais adiante, ainda neste ano, segundo o ministério.

Vale lembrar que os japoneses costumam usar a vacinação contra a febre aftosa como limitador de negócios. No caso da carne suína, só os catarinenses conseguiram furar o bloqueio, porque são livres da doença sem vacinação.

Simultaneamente à missão, uma consulta pública sobre o tema será aberta no Japão. Tudo parte do ritual a ser cumprido para que se consiga a reabertura do mercado.

Assim como o Brasil, outros países se submetem às rigorosas exigências japonesas porque sabem da importância desse comprador, que busca produtos com qualidade diferenciada, tendo remuneração à altura.

– A abertura de qualquer mercado é sempre importante – pondera José Roberto Pires Weber, presidente da Associação Brasileira de Angus.

Vencer a barreira japonesa é uma espécie de atestado de qualidade, capaz de abrir muitas outras portas ao produto brasileiro. Paciência e persistência são as chaves para dobrar os argumentos japoneses.