RURAL | CORREIO DO POVO | PÁGINA 10
Com o objetivo de “sensibilizar” o governo a atender os pleitos salariais da categoria, os fiscais federais agropecuários não estão certificando os cortes de carnes feitos para atender a encomendas do mercado externo dentro dos frigoríficos e nos portos. A medida, conforme a delegada regional da Anffa, Consuelo Paixão Côrtes, já acarretou o cancelamento dos abates em pelo menos um frigorífico gaúcho, localizado em Lajeado, que teve a sua capacidade de armazenamento esgotada após o segundo dia consecutivo de greve da categoria.
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“Mesmo que atendam (logo) toda a nossa pauta, a greve deve perdurar pelo menos até a próxima terça-feira. O fim do movimento, assim como o começo, precisa ser aprovado em assembleia”, acrescentou Consuelo.
O presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Nestor Freiberger, disse que todas as plantas de abates de aves do Estado estão sentindo os reflexos da paralisação dos fiscais. Admitiu, ainda, que se a greve se estender até a semana que vem, “muitas plantas forçosamente” terão de suspender os abates. “As câmaras e os túneis ficarão abarrotados e não nos restará outra alternativa”, observa. “O pior de tudo é a perda do cliente. Quando não se cumpre com o contrato, o comprador em geral vai se socorrer em outro lugar. O governo tem que resolver isso logo”, completou.
O presidente do Sindicato da Indústria de Carne e Derivados no Rio Grande do Sul (Sicadergs), Ronei Lauxen, confirmou que os fiscais não estão certificando os cortes para a exportação. Segundo Lauxen, pelo fato do fluxo de exportação ser constante, dentro dos frigoríficos os efeitos da medida são imediatos. “Não sei dizer qual é a estraté- gia deles. O que posso garantir, contudo, é que vai impactar na economia”, declarou. “Estamos contabilizando as perdas com o que deixamos de exportar e iremos divulgar o resultado na semana que vem.”
Por meio de nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) apelou para que o procedimento de efetivação dos embarques seja retomado. “A ABPA apela ao bom senso do movimento grevista, para que sejam retomados os processos para a efetivação dos embarques, evitando ainda mais prejuízos aos setores e, também, à imagem do país junto aos seus clientes internacionais”, diz o texto.