CORREIO DO POVO | CORREIO RURAL | PÁGINA 8
A retirada da vacinação contra febre aftosa e os 50 anos de combate à doença no Rio Grande do Sul serão o tema central do 4˚ Fórum Internacional de Responsabilidade Técnica e Sanidade na Produção Animal, que ocorre quinta-feira, dia 3 de setembro, durante a Expointer. A última vez que o Estado registrou caso de aftosa foi em 2001, em Livramento e Rio Grande. O debate será das 14h às 17h30, no auditório da Federacite. O vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS), José Arthur Martins, recorda que em 1965, época em
que eram registradas centenas de focos, o Rio Grande do Sul realizou a primeira campanha de combate à doença do Brasil.
De lá para cá, além da imunização do rebanho, foram organizados sistemas de informação em vigilância sanitária, redes de laboratórios e orientações ao produtor. “Hoje, temos uma situação
epidemiológica bastante positiva, tanto que já existe a discussão sobre a retirada da vacina”, destaca. Entre os convidados para o encontro está o veterinário José Fernando Dora, servidor aposentado da Secretaria da Agricultura (Seapa), que trabalhou no início da campanha. Ele foi o coordenador do programa de erradicação da febre aftosa na Bacia do Prata e atuou no Centro
Panamericano da Febre Aftosa. No evento, vai traçar o histórico da doença e seu combate no Rio Grande do Sul.
O fiscal federal agropecuário do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro-RS), Diego Viali dos Santos, apresentará painel sobre epidemiologia. A visão do serviço oficial na atualidade será apresentada pelo diretor do Departamento de Defesa Agropecuária da Seapa, Fernando Groff. Ele recorda que o Programa de Combate à Febre Aftosa no Rio Grande do Sul começou a ser pensado em 1963 e destaca que o Estado foi pioneiro na vacinação, implantando a medida há 50 anos, primeiramente, na Fronteira Sul. Um dos primeiros municípios que teve o rebanho imunizado foi Santana do Livramento, onde na época já havia estrutura de pecuária comercial.
O presidente do Sindicato Nacional das Indústrias de Produtos para Saúde Animal (Sindan), Emilio Salani, falará sobre o papel da vacinação no combate à aftosa, enquanto o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, vai apresentar o olhar da indústria sobre os impactos da febre aftosa e da vacinação
para o mercado de carnes. A presença internacional ficará por conta do ex-ministro da Agricultura do Uruguai e ex-presidente do Instituto Nacional da Carne do país vizinho, Roberto
Vazquez Platero. Ele vai apresentar o case do Uruguai que, mesmo vacinando, consegue alcançar mercados mais exigentes, como Estados Unidos.
O presidente da Sociedade de Veterinária do Rio Grande do Sul (Sovergs), Ricardo Bohrer, destaca que a ideia é promover uma discussão que mostre a visão de diferentes segmentos. A discussão ocorre em meio à meta para a erradicação da doença no país e a pressão de alguns setores para suspender a vacinação de olho em mercados mais remuneradores. Em abril deste ano, o Paraná sinalizou a possibilidade de retirada da vacina em 2016.
No início de junho, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, anunciou que a expectativa é que o Brasil seja área livre de aftosa sem vacinação reconhecida pela Organização
Mundial da Saúde Animal (OIE) até 2025. O secretário da Agricultura, Ernani Polo, já se mostrou favorável. Ele acredita que seja possível alcançar o status de estado livre de aftosa sem vacinação
em, no máximo, cinco anos. A Farsul, por sua vez, é contrária à medida devido à falta de segurança sanitária, principalmente nas fronteiras.