CADERNO RURAL | CORREIO DO POVO | PÁGINA 1
Pelo terceiro ano consecutivo, a Expoleite/Fenasul começa sob o impacto de uma operação contra fraudes no leite. Superar gargalos antigos do setor para recuperar a confiança do consumidor é um ponto em comum entre os eventos técnicos da exposição, que começa nesta quarta-feira e segue até domingo no Parque de Exposições Assis Brasil,
em Esteio. Se, há alguns anos, o desafio era aumentar a produção — hoje em 12 milhões de litros por dia —, agora o foco é ampliar a qualidade e alcançar novos mercados.
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O controle de doenças, a implantação do PAS Leite e a exportação estarão em foco no Simpósio Qualidade e Leite, nos dias 28 e 29 de maio. Segundo José Arthur Martins, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária, um dos promotores do debate, o encontro deste ano não irá discutir apenas a sanidade do rebanho.
“O foco principal é a qualidade do produto e a busca por novos mercados. Estamos com produção excedente em relação ao consumo”, explica. Tanto que uma das palestras, a cargo do Ministério da Agricultura, será sobre requisitos legais para exportação.
Zoonoses transmissíveis aos seres humanos, a brucelose e a tuberculose são apontadas como fatores que dificultam a abertura de novos mercados. “Ainda não temos um programa com abrangência estadual, ou mesmo nacional, que garanta que os nossos rebanhos estão sob controle. Mercados mais rigorosos exigem isso para importar”, lembra
o coordenador da Câmara Setorial do Leite da Secretaria da Agricultura, Danilo Cavalcanti Gomes. As duas doenças serão tema do painel que abre o Simpósio Qualidade e Mercado, com a presença da coordenadora do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal, Gabriela Bicca da Silveira.
Como forma de possibilitar o acesso a novos mercados, o presidente da Gadolando, Marcos Tang, defende a realização de um teste anual de brucelose e tuberculose, com o apoio da indústria. “Temos na Gadolando uma
proposta de que a indústria não só exija, como também fomente, ajude o produtor com mais dificuldade a fazer esse teste.”
O papel dos municípios na inspeção sanitária vai estar em pauta no 23˚ Seminário dos Secretários Municipais de Agricultura, promovido pela Famurs, que ocorre nos dias 28 e 29 no auditório da Farsul. Um dos temas principais será o das experiências bem-sucedidas na implantação do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) e de adesão ao Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa). “É um assunto importante porque estamos guardando que saiam os instrumentos legais do Ministério da Agricultura no sentido de autorizar a inspeção privada das agroindústrias”, explica o coordenador de Agricultura da Famurs, Mário Nascimento. “Temos mais de 200 municípios com convênios com o Estado cedendo funcionários da prefeitura.
É uma despesa que os municípios não podem assumir.” Assim como a Operação Leite Compen$ado, o Dia da Qualidade promovido pela Associação deas Pequenas Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Apil/RS), também chega ao terceiro ano. E não é mera coincidência. “O leite fraudado interfere na composição biológica, matando o bacilo vivo, impedindo a formação de queijo. Fica uma plasta. Esse leite não serve para as agroindústrias”, explica o secretário-executivo da associação, Alexandre Rota. Ele orgulha-se em afirmar que nenhum dos 57 associados à entidade envolveu-se nas fraudes desmanteladas pelo Ministério Público. As pequenas indústrias que integram a Apil/RS respondem por cerca de 70% do queijo produzido no Estado. Tecnologias para
produção de mussarela, tendências do mercado e higienização estão entre os temas do Dia da Qualidade deste ano, que ocorre no dia 29, na Casa de Pedra.