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CP: A Arca de Noé da Embrapa

CADERNO CORREIO RURAL | CORREIO DO POVO | PÁGINA 1

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) disponibilizou as instalações de seu Banco Genético para os pecuaristas guardarem sêmen e embriões de raças comerciais. O serviço de congelamento e armazenagem no prédio da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília, é gratuito. O produtor paga apenas o botijão de nitrogênio e o frete até a capital federal. No futuro, poderá usar o material para cruzamentos e melhoramento genético.

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O serviço, apresentado durante a Expointer, encerrada no domingo passado (6), tornou-se viável com a inauguração, em abril do ano passado, do novo prédio com sala dotada de total assepsia e segurança voltada exclusivamente para a guarda do material genético. Também representa mais um passo do projeto Arca de Noé da Embrapa, que conserva material genético animal e vegetal como forma de preservar a riqueza biológica brasileira e servir a estudos científicos.

Com o novo serviço, a conservação feita pela empresa, que era restrita a raças de animais ameaçadas de extinção por terem sido substituídas por outras, mais produtivas, ao longo dos séculos, será ampliada para as raças comerciais de interesse zootécnico.

Os animais mais produtivos utilizados hoje na agropecuária são resultados de cruzamentos feitos pelos produtores ao longo de décadas. Nessas cruzamentos, características importantes das raças podem ter sido perdidas, segundo avaliação dos técnicos. O centro responsável pela preservação de recurso genético vegetal está ativo desde 1974. Em 1983, quando um produtor apresentou a proposta para genes de animais, começaram os estudos em um centro de bovinos, equinos, caprinos, ovinos, suínos e bubalinos.

Arthur Mariante, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, com sede em Brasília, lembra que o Brasil não tinha animais de criação em seu descobrimento e processo de colonização. “Todas as raças foram trazidas por portugueses e espanhóis e localmente adaptadas”, conta. Pode ser que características importantes que foram negadas no século passado já nem existam”, comenta.

A ideia do novo serviço, segundo Mariante, é que o criador suspenda a manutenção de um material subutilizado e, quando quiser voltar a investir, encontre sêmen e embriões à disposição. “Precisamos buscar linhagens mais modernas”, afirma. O pesquisador destaca que quando o produtor seleciona genes para um cruzamento para obter animais com determinadas características, perde outras. Por isso, o objetivo é reunir o maior número possível de genes diferentes. “Não tem melhoramento genético sem variedade”, reitera, reconhecendo que não há como saber qual será a demanda da população no futuro. Diante disso, considera necessário manter recursos para atendê-la.

Para o criador, esse serviço poderia ter um custo alto se mantido na propriedade. José Amaral, presidente da Associação dos Criadores Gaúchos de Zebu, entende que o projeto da Embrapa é um forma de garantir aos criadores possibilidades de melhoramento genético no futuro. “É uma alternativa de recuperar características perdidas nos cruzamentos genéticos”, acredita. O serviço prioriza linhagens formadoras das raças comerciais utilizadas pelos produtores. O banco tem capacidade de 270 mil doses de sê- men. Hoje há 65 mil amostras de sê- men e 450 embriões.

Entre as raças que já vinham sendo trabalhadas pela Embrapa estão a ovelha Crioula Lanada e o bovino Crioulo Lageano. Presentes em maior parte em Santa Catarina, essas raças contavam com apenas dois rebanhos no Brasil. Hoje, são 27.