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Ações da fiscalização agropecuária frequentemente resultam na apreensão de alimentos de origem animal impróprios para consumo humano. Todos os anos, toneladas de carnes e derivados são apreendidas em todo o Estado. E a cada notícia sobre este tipo de trabalho, os comentários se repetem. “Nos veículos de comunicação e nas nossas redes sociais, sempre que informamos sobre o trabalho do fiscal agropecuário na apreensão deste tipo de alimento, surgem pessoas dizendo que trata-se de desperdício e que o material deveria ser doado para instituições de caridade”, lamenta a presidente da Associação dos Fiscais Agropecuários do RS (Afagro-RS), Angela Antunes.
Os motivos de apreensão são basicamente por problemas de temperatura, armazenamento inadequado ou produtos sem inspeção. Às vezes, os três no mesmo local. “Isso significa que estes alimentos não podem ser direcionados, em hipótese alguma, à alimentação humana”, afirma Angela. Estes produtos são encaminhados para graxarias, onde passam por um processamento em alta temperatura (autoclavagem), são transformados em farinha de carne e osso e direcionados para a produção de ração animal. “As bactérias e eventuais contaminantes são eliminados no processo industrial, não oferecendo risco para o animal que consumir”, esclarece.
A carne bovina, por exemplo, flagrada acima de 7°C, deve ser descartada pois fica mais propensa à contaminação por bactérias patogênicas, como coliformes, Salmonella e Staphylococcus, que podem causar uma série de doenças e até levar à morte. Como nem sempre se manifestam imediatamente, podem ser subnotificadas no sistema de saúde. “Às vezes, a pessoa consome um alimento de origem duvidosa e não relaciona isso a um problema de saúde surgido tempos depois”, alerta a presidente da Afagro. Cada categoria de produto tem um limite de temperatura previsto em lei.
Já os produtos sem inspeção guardam problemas ainda mais sérios. “Quando apreendemos um produto clandestino, não sabemos as condições do animal e nem o local onde foi abatido. Existem problemas que só podem ser identificados na linha de abate. Com a carcaça fracionada, já não é mais possível detectar. Mas as zoonoses como tuberculose e brucelose podem estar lá”, garante. Por fim, condições inadequadas de armazenamento ou acondicionamento também apresentam riscos ao consumo humano. “Já encontramos carnes e derivados transportados sem embalagem no chão de veículos ou em contato com produtos tóxicos”.
Os embutidos sem inspeção, como os das fotos, foram produzidos com carne estragada. Receberam corantes, temperos e aditivos e se transformaram em produtos com aparência bonita, mas de alto risco para o consumo.