POLÍTICA | ZERO HORA | PÁGINA 8
Um grupo que protestava contra o aumento do ICMS e a Brigada Militar (BM) entraram em confronto no final da manhã de ontem em frente à Assembleia Legistativa. A confusão ocorreu em um local que havia sido bloqueado pelos policiais, mas que foi ocupado pelos servidores. Três pessoas acabaram detidas e algumas ficaram feridas durante a ação.
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Em menos de cinco minutos, o ato, que ocorria pacificamente, transformou-se em confronto. A BM afirma que membros da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Coletivo Marighella forçaram a entrada na Assembleia. Manifestantes, no entanto, alegaram que não tentaram ingressar na Casa e que a polícia foi violenta na ação. O comandante do policiamento da BM na Capital, tenente-coronel Mário Ikeda, defendeu a postura da corporação:
– De maneira geral, a conduta foi correta. Agora, individualmente, se recebermos denúncia e analisarmos imagens, vamos apurar. A partir do momento que furaram o bloqueio, vimos que poderia ter invasão e aproximamos a tropa de choque.
O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, argumenta que a entidade é contra atos de vandalismo.
– Temos anos de história. É óbvio que existem momentos de tensionamento, mas não somos uma organização afeita a agressões. Essa fala (do tenente-coronel Ikeda) não se sustenta. Quem tomou a iniciativa foram agitadores profissionais, seguramente infiltrados – afirmou.
A confusão se iniciou por volta das 11h30min. A Brigada usou spray de pimenta e cassetetes contra manifestantes próximos à porta da Casa. Ricardo Menezes, 42 anos, professor de História e Filosofia nos ensinos Médio e Fundamental, foi um dos três presos, algemados e levados pela BM a uma delegacia, onde assinou termo circunstanciado:
– A Brigada jogou gás lacrimogêneo, pedimos calma e, quando fui me abaixar para pegar água para passar no rosto, os policiais me pegaram. Acharam que iria juntar uma pedra para jogar contra eles – explicou o professor.
Mais cedo, os manifestantes haviam derrubado gradis fixados para evitar a aproximação na entrada principal do Legislativo. O uso do gás causou correria e, na confusão, uma mulher desmaiou e outra foi atingida pelas costas.
– Sempre recorremos ao gás para causar o menor dano possível. Apesar de doer em um primeiro momento, não tem o contato físico e logo (o desconforto) passa. Jogaram pedras e guarda-chuva contra os policiais – justifica Ikeda.
TROPA DE R$ 600 ENTRE OS GRITOS ENTOADOS
Após o confronto, manifestantes chamavam a tropa de choque da BM de “tropa de R$ 600” e gritavam frases como “bateram em professor, em quem os ensinou a ler”.
O livre acesso da população à votação foi pedido ao Tribunal de Justiça (TJ) pelo PT, na segunda-feira, para tentar “restabelecer a normalidade do funcionamento da Assembleia”. O TJ acatou parcialmente o pedido de habeas corpus preventivo protocolado pelo partido. O presidente da Casa, deputado Edson Brum (PMDB), havia decidido que só acompanhariam a votação as pessoas que tivessem as senhas distribuídas previamente, entre eles os representantes de sindicados e movimentos sociais. Por isso, a Assembleia pediu que a Justiça mantivesse restrito o acesso à sessão. Após incidentes externos da manhã, à tarde o clima de tensão se transferiu para o interior da Casa.