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31/08/2016 – CP: Em pauta, a situação da carne gaúcha

CORREIO DO POVO | RURAL | PÁGINA 13

No primeiro encontro deste ano, o foco foi para as oportunidades no exterioreajustes ao mercado interno

Oportunidades para a produção gaúcha de carne foi o tema da primeira edição do Debates Correio do Povo Rural desta Expointer, na Casa do Correio do Povo, no Parque de Exposições Assis Brasil. Em pauta, a recente abertura dos Estados Unidos para a carne brasileira in natura e o momento de ajuste no mercado interno.

A abertura do mercado norte-americano ocorreu após mais de 15 anos de negociação, interrompida após o foco de febre aftosa em Joia, em 2001. Embora considere a medida positiva para o mercado, o diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do RS (Sicadergs), Zilmar Moussalle, adverte que os resultados podem não ser verificados imediatamente. No entanto, o passaporte para os EUA pode ajudar a abrir outros mercados exigentes. “O grande foco seria o Japão. Eles querem uma carne marmoreada, que ninguém tem, só nós. Eles não querem ouvir falar em vacina contra febre aftosa, mas os norte-americanos também não queriam há alguns anos. O que importa são as condições sanitárias, para que, com a carne, não se exporte o vírus da doença”, diz o executivo.

Uma das formas apontadas para aproveitar as oportunidades para a carne gaúcha é ajustar o acabamento do boi e a constância da oferta. Na década de 1970, o Estado chegou a discutir a possibilidade de dobrar o rebanho, que na época era de 15 milhões de cabeças. Hoje, o Rio Grande do Sul conta com 14 milhões de animais — sendo que 3 milhões são bovinos de leite.

Para o 1˚ vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira, uma das alternativas para equilibrar a oferta de gado é apostar no confinamento — embora ele admita que a conjuntura é desfavorável devido ao aumento do preço do milho. “É a única tecnologia que nos pode botar o produto acabado e terminado com data e hora para matar. Passa a ser um processo biológico, quase um processo biomatemático”, explica. Na opinião dele, esta seria uma forma de driblar as janelas de mercado, já que durante seis meses a cada ano o setor tem dificuldades de oferta. Para Pereira, a pecuária gaúcha, embora a passos lentos, tem se intensificado, tendo a lavoura de soja como aliada. O que comprova isso, segundo ele, é o crescimento do rebanho da Metade Sul, ao mesmo tempo em que mais de um milhão de hectares de soja foram implantados naquela região. Entre os fatores, ele cita a suplementação alimentar e o clima propício.

Embora o consumo de carne bovina tenha caído em cerca de 25% nos últimos três meses, a carne de qualidade, direcionada a nichos de mercado, não sofreu o mesmo impacto. “Apesar da conjuntura econômica, sempre o produto de nicho, com especificações que atendem ao consumidor de maior poder aquisitivo, é o último a sofrer os efeitos da lei da oferta e da procura”, disse o professor Júlio Barcellos, coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro), da Ufrgs. Porém, diz o especialista, o produto que vai para estes nichos representa um volume pequeno na produção gaúcha de carne.

Para o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do RS (CRMV-RS), José Arthur de Abreu Martins, falta ao Estado promover o marketing da sua carne bovina. “Somos ruins em vender nosso produto. O Rio Grande do Sul é o único Estado que produz um gado diferente”, acredita.

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