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Porto Alegre teve a confirmação do primeiro caso de leishmaniose visceral de sua história. Uma paciente de um ano e sete meses não conseguiu vencer a doença e morreu em 29 de setembro. Inicialmente, a suspeita era de leucemia, descartada após análise da medula óssea. O caso levou a prefeitura da Capital a fazer uma ação de bloqueio na região do Morro Santana, Bairro Protásio Alves, na zona leste.
A criança vivia com a família em uma área de invasão, sem condições sanitárias adequadas. O coordenador-geral da Vigilância em Saúde da Capital, Anderson Araújo Lima, relata que o inseto que dissemina o protozoário que causa a doença, conhecido como mosquito-palha, só se reproduz em locais com resíduos orgânicos. Ele acredita que a situação esteja controlada.
“Levando em consideração que essa é uma área isolada, que estamos fazendo uma ação de secretarias, acreditamos que vamos conseguir isolar essa situação a essa área”, afirma, destacando que moradores devem manter os pátios limpos.
O coordenador afirma que a paciente vinha sendo acompanhada pela prefeitura nos últimos meses. A informação é contestada pela família da menina. De acordo com a avó materna, Ana Valéria Pereira da Silva, ela apresentou quadro de febre por quatro meses sem que um diagnóstico preciso fosse encontrado. Ela reclama que em diversos momentos não obteve atendimento médico na Unidade de Saúde Laranjeiras, responsável pela região.
“A gente ia lá e nos mandavam para o hospital. Nem a consulta mensal que toda criança tem direito a gente conseguia fazer”, relata.
Através de nota, a Secretaria Municipal da Saúde afirma que a menina foi atendida quatro vezes na unidade, sendo que nas duas últimas vezes estava com um quadro de febre. A mãe foi orientada a levar a paciente a uma Emergência.
Transmissão
A leishmaniose só é transmitida através do mosquito-palha. Para isso, o inseto precisa picar um cachorro infectado e depois uma pessoa. Não há outra forma de contágio. Os cães da região estão sendo monitorados. Ao todo, 103 foram examinados, sendo que 23 tiveram resultado positivo. Já nas proximidades da Unidade de Saúde Laranjeiras, outros 100 cachorros foram analisados, sendo que houve a confirmação em 21 casos. A Secretaria Especial dos Direitos dos Animais (Seda) irá leva-los para o Canil Municipal.
Os profissionais que atuam na Unidade de Saúde Laranjeiras, que atende o Morro Santana, foram instruídos sobre o combate à doença. Cerca de 110 famílias moram na região recebem informações e orientações para o uso de repelente. Um grupo foi designado pela prefeitura para acompanhar o combate ao inseto transmissor e os casos de animais infectados.
Sintomas
A identificação da doença a partir dos sintomas é difícil, segundo a Vigilância em Saúde da Capital. Ainda assim, quem tiver febre alta, emagrecimento repentino e aumento do abdômen deve procurar atendimento médico. Há cura para a doença em humanos.