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28/05/2016 – A Hora: A crise como oportunidade para crescer

A HORA | AGRONOTÍCIAS | PÁGINA 8

A Federação dos Clubes de Integração e Troca de Experiências (Federacite) reforça a proposta de investir no conhecimento como ferramenta para enfrentar momentos de crise no agronegócio. Debates reafirmam a importância da gestão, diálogo, adesão de novas tecnologias e organização das cadeias produtivas para fidelizar clientes.

Ao completar 30 anos, a Federacite, comandada pelo engenheiro agrônomo Carlos Simm, realiza uma série de debates pelo estado com foco em temas como gestão de pessoas, da propriedade, sucessão e meio ambiente. “Nosso objetivo é sensibilizar produtores a pensar na crise como oportunidade de crescimento.”
Esse conceito surgiu na França da década de 40, após a Segunda Guerra, como forma de encontrar soluções para a reorganização do setor produtivo. Iniciou no RS na década de 70. Hoje, o RS conta com 127 Cites, que reúnem 1,4 mil produtores.

A Hora – Como é possível enxergar uma oportunidade em meio à crise?
Carlos Simm – A falta de organização das cadeias produtivas e a gestão deficiente das propriedades são pontos a serem mais compreendidos e debatidos. Entendemos que muitos produtores podem ter, sem saber, passivos nas áreas ambiental, pessoal, fundiária e administrativa. Em cada um desses temas, existem muitos aspectos que precisam ser colocados para se evitar prejuízos futuros. Especialistas colocarão suas experiências para serem compartilhadas com os produtores. Evitar desperdícios e reduzir despesas estão ao alcance de todos. Testemunhos locais, de experiências bem-sucedidas enriquecem o debate.

Como envolver mais os jovens no agronegócio?
Simm – O envolvimento aumentará, se a ele for dado espaço. Estimular a participação dos filhos nas reuniões dos Cites é um bom começo. Buscar atividades complementares, que tenham sinergia, mas não conflitem (ou compitam) com as exercidas pelos pais. Agroindústria, agroturismo e produções intensivas de alto valor agregado são alguns exemplos. Estimular as especializações fora da propriedade e dar-lhes oportunidade de praticar seus conhecimentos são práticas altamente recomendáveis. As escolas familiares agrícolas devem servir de modelo e exemplo da integração e fixação do jovem à propriedade.

O conhecimento é que movimentará o mundo agro daqui por diante e não mais a informação?
Simm – O conhecimento tecnológico, a sustentabilidade e a gestão eficiente são os fatores que farão a diferença no futuro. A informação continuará fundamental para a organização de cadeias produtivas e para o Benchmarking. Entender o mercado e se antecipar às mudanças conquista e fideliza os clientes. Considero as viagens como a mais importante ferramenta para se ampliar os conhecimentos.

O país se acomodou em ser um fornecedor de matéria-prima para o mundo? Como podemos agregar valor aos produtos que exportamos hoje com pouco ou nenhum beneficiamento?
Simm – De fato exportar matéria-prima não é a melhor estratégia, mas, mesmo nas commodities, é possível agregar valor. As carnes são um bom exemplo, antes de exportar milho e farelo de soja, exportamos frangos e suínos. Na carne bovina, o objetivo é atingir nichos de mercado para alta qualidade e valor. Acordos comerciais entre nações, ou blocos econômicos, devem sempre pautar esse tema. Os países desenvolvidos, e que competem conosco no agronegócio, possuem cadeias produtivas organizadas, onde cada elo procura se fortalecer sem comprometer o sistema. Certificações de sistemas produtivos, como as indicações geográficas, e a produção sustentável ambientalmente, também são alternativas muito valorizadas por consumidores exigentes. Creio que podemos colocar na pauta de exportação o agroturismo, a indústria que mais cresce no mundo. A evolução tecnológica e a profissionalização do agronegócio também melhorarão nossa balança comercial.

Considerações finais
Simm – Nossa sede fica no Parque de Exposições Assis Brasil em Esteio. O movimento foi criado para congregar os clubes que integram o movimento citeano em atividade a 40 anos. A entidade já registrou a 127 clubes no RS e completou 30 anos em 25 de abril. Um Cite é composto normalmente por 12 produtores, que se reúnem uma vez por mês em uma das propriedades. A busca de soluções compartilhadas é a essência do movimento. Também é um grande formador de líderes no meio rural. Os próximos debates ocorrem dia 14 de julho, em Camaquã e 30 de agosto, em Esteio, durante a Expointer.

“A rentabilidade passa pela redução dos custos e do desperdício. Orçamento, fluxo de caixa, controle de receitas e despesas são ferramentas indispensáveis numa empresa moderna.” – Carlos Roberto Simm é Engenheiro agrônomo, 61, administra a Fazenda Clarice, em Campestre da Serra, é presidente do Sindicato Rural de Ipê, Antônio Prado e Campestre da Serra, da Associação dos Produtores Rurais dos Campos de Cima da Serra (Aproccima) e da Federacite.

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