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27/11/2016 – CP: Combate regionalizado

CORREIO DO POVO | CORREIO DO POVO RURAL | PÁGINAS 1, 2 E 3

Heterogeneidade do País exige estratégias específicas de enfrentamento às zoonoses em cada área. Especialistas também sugerem avanços em fundos de indenização aos produtores pelos animais sacrificados

O inquérito que pela primeira vez mapeou a incidência da tuberculose bovina no Rio Grande do Sul faz parte de uma análise maior, de âmbito nacional, que abrange a prevalência da zoonose em 13 estados, sendo que em nove deles também foi verificada a incidência de brucelose. O levantamento aponta para algumas diretrizes e obstáculos ao controle das duas doenças. Para o professor Vitor Picão Gonçalves, da Universidade de Brasília (UnB), que participou do estudo, um dos grandes desafios existentes no combate a estas zoonoses é a heterogeneidade existente no país, o que requer estratégias regionalizadas.

“Harmonizar essas estratégias é uma dificuldade. Se quisermos alcançar uma lógica de erradicação, é preciso avançar mais em fundos de indenização dos produtores pelos animais sacrificados. Senão, é muito difícil”, observa o especialista. No caso da tuberculose, que até então contava com levantamento estadual apenas em Minas Gerais, a recomendação é para que as estratégias sejam trabalhadas em conjunto com a indústria leiteira. Na brucelose, o estudo aponta a necessidade de políticas mais específicas para propriedades maiores, com criação extensiva, onde, segundo o levantamento, o risco é maior.

Uma vez que a principal forma de entrada da doença na propriedade é através da aquisição de animais infectados, a recomendação é para que o produtor sempre teste os animais, tanto para tuberculose quanto para brucelose, antes de introduzi-los em seu plantel. “Além disso, recomenda-se um teste anual em todos os animais das propriedades leiteiras”, acrescenta Ana Groff, da Seapi.

RECOMENDAÇÕES

Apesar da prevalência ser considerada baixa, as zoonoses exigem atenção. Somente neste ano já foram identificados 127 focos de tuberculose no Estado. A maioria dos casos ocorreu com um número pequeno de animais infectados dentro das propriedades-foco. No entanto, em um caso ocorrido em Vale do Sol, no Vale do Rio Pardo, o criador teve de se desfazer de 29 cabeças de gado. O pecuarista deve ser indenizado pelo Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa). “Ocasionalmente ocorrem focos com um grande número de animais positivos, principalmente em propriedade que não testava fazia muitos anos ou que não mantinha uma rotina de testes”, acrescenta Ana Groff.

O estudo que acaba de ser publicado testou 9.895 animais, provenientes de 1.067 propriedades gaúchas. O mapa do Estado foi dividido em sete regiões. Em cada uma foi selecionado aleatoriamente um número pré-estabelecido de propriedades, onde fêmeas com idade igual ou superior a 24 meses foram submetidas ao teste tuberculínico cervical comparativo.

Também foi aplicado um questionário epidemiológico em cada propriedade para identificar fatores de risco. Os principais foram a exploração leiteira e os rebanhos com 16 ou mais vacas com pelo menos 24 meses de idade. “A exploração leiteira tem como característica uma maior aglomeração dos animais, por ocasião da ordenha, por exemplo, o que aumenta o risco de transmissão entre os animais”, explica Ana Groff.

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