A oferta de vagas de ensino a distância para a área da saúde no Brasil aumentou em quase 50 mil entre 2016 e 2017, chegando a quase 270 mil vagas. A preocupação das entidades ligadas às profissões com a qualidade dos profissionais que estão saindo destes cursos EaD foi discutida em Brasília na última sexta-feira (24), durante encontro de Conselhos Profissionais de 14 profissões. “São cursos com alta exigência em práticas e técnicas que precisam de aulas presenciais”, afirma o presidente do CRMV-RS, Rodrigo Lorenzoni, que esteve presente no evento. As autarquias, que representam mais de quatro milhões de profissionais no país, decidiram unir esforços para combater a prática.
O tema do EaD na área da saúde tomou corpo no início do ano, quando um centro universitário de Santa Catarina anunciou um curso de Medicina Veterinária a distância. Após pressão de profissionais e da sociedade, liderada pelo CRMV-RS, que realizou uma petição ao MEC para alterar a forma de liberação de cursos, a instituição catarinense voltou atrás. “O tema não se encerra com o cancelamento daquele curso. A possibilidade de novas instituições criarem cursos existe e precisamos ficar vigilantes para barrar essas iniciativas”, afirma o presidente Rodrigo Lorenzoni.
A coordenadora da área de educação do Fórum dos Conselhos Federais da Área de Saúde Zilamar Fernandes apresentou dados alarmantes. Serviço Social, Educação Física e Enfermagem são os cursos com maior número de vagas EaD. As universidades que oferecem ensino a distância, para se credenciar ao Ministério da Educação, precisam apresentar polos regionais, para o atendimento aos alunos. Entretanto, conforme Zilamar, “alguns polos apresentam endereços de açougues e padarias. Além do ensino deficitário, são muitas possibilidades de fraude”, lamenta.