JORNAL DO COMÉRCIO | OPINIÃO – ARTIGOS | PÁGINA 4
Temos, em Porto Alegre, uma realidade grave e incompreensível. Nossa população está vulnerável quando o assunto é o consumo de alimentos de origem animal produzido na cidade. Temos 42 agroindústrias produzindo e manipulando alimentos de origem animal como carnes, embutidos, mel e pescado e apenas um médico veterinário em atividade regular neste momento para fiscalizá-las.
O minimamente satisfatório seria um fiscal para cada oito empresas. Levantei este tema durante reunião na Câmara de Vereadores e recebi uma grave informação de que Porto Alegre ficou sem nenhum médico veterinário na função entre os meses de julho de 2015 e fevereiro de 2016. Oito meses com produtos sendo comercializados, e nenhum profissional habilitado para checar sua qualidade e inocuidade.
Os alimentos produzidos nestes 42 estabelecimentos devem ser vendidos exclusivamente em Porto Alegre, por força do enquadramento sanitário das empresas. O profissional habilitado tecnicamente para garantir que ele saia da indústria em condições de consumo é o médico veterinário.
A situação que vivenciamos hoje na capital gaúcha é insustentável. A prefeitura precisa agir ampliando o quadro de médicos veterinários com a máxima urgência. Dados recentes da Organização Mundial da Saúde apontam que 70% das doenças em humanos tiveram origem animal e que mais de meio bilhão de pessoas no mundo adoece anualmente por ingerir alimentos contaminados. Estes dados demonstram a importância de possuirmos um robusto serviço de inspeção e fiscalização de alimentos, principalmente os de origem animal. Estamos falando de saúde, um dever do Estado. Sendo assim, as legislações de nosso País definem que quem deve fazer esta atividade são médicos veterinários do quadro do Estado, neste caso do município.
Rodrigo Lorenzoni – Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária/RS