Um estudo desenvolvido pelo Laboratório de Epidemiologia Veterinária da Universidade de Brasília está concluindo que o risco da carne suína carrear o vírus da febre aftosa é desprezível. Hoje, a vacinação contra a doença impede o acesso do produto brasileiro a alguns mercados internacionais, como o Japão. “O setor de suínos está buscando argumentos para mostrar que a imunização do rebanho bovino não carrega nenhum risco sobre a carne suína”, explica o presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal, Rogério Kerber.
O Fundesa, em parceria com a Associação Brasileira de Proteína Animal e o Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS está financiando a pesquisa. Um estudo semelhante já havia sido realizado em 2009, envolvendo Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Agora, alguns pontos estão sendo atualizados no estado gaúcho, explica o coordenador do projeto, Vitor Picão Gonçalves, da UnB. A ideia, segundo ele, “é avaliar – ao longo da cadeia de produção de suínos – onde estariam os riscos de introdução do vírus, caso estivesse circulando em bovinos e, com isso, também saber como fazer uma gestão para melhorar a biosseguridade”. Em palestra na programação do Avisulat 2016, o professor Gonçalves apresentou o resultado preliminar dos trabalhos, que será concluído até o final do ano.
Além de servir como argumento para tratativas com parceiros comerciais, o resultado do trabalho poderá embasar políticas de atuação em defesa sanitária, tanto por parte dos veterinários das indústrias integradoras, como do serviço oficial. “Vamos entregar este documento também ao Ministério da Agricultura para que contribua nas negociações com possíveis importadores da carne suína brasileira”, afirma kerber.
Aplicativos podem ajudar em sanidade animal
Outra palestra que chamou a atenção na manhã desta quarta-feira, no Avisulat, foi do professor Enio Giotto, do Centro de Ciências Rurais (CCR) da Universidade Federal de Santa Maria. Ele falou sobre o uso de aplicativos de telefonia móvel para melhorar o controle de sanidade em propriedades agropecuárias. Um dos programas é o de mapeamento de pontos de risco, que estará disponível a partir de dezembro para download gratuito no Google Play. O CCR tem 20 aplicativos disponíveis no sistema, com mais de 200 mil usuários. O professor Giotto explica que os smartphones são a tecnologia mais acessível a todos. “Com o meio rural não é diferente. As ferramentas já fazem parte da vida das pessoas, podemos usá-las para melhorar o trabalho no campo”, afirma.
A iniciativa, que tem o apoio institucional do Fundesa, permite o cadastramento de determinados locais que possam oferecer risco sanitário para propriedades que atuam na produção animal. O presidente do Fundo, Rogério Kerber, acredita que a aplicação possa ser usada, inclusive, pelo serviço veterinário oficial. “A ferramenta possibilita a constante atualização de áreas de risco, como lixões, aterros e composteira”, afirma. Kerber já levou a ideia aos técnicos da Secretaria da Agricultura.