ZERO HORA | CAMPO E LAVOURA | PÁGINA 7
Ações da fiscalização agropecuária frequentemente resultam na apreensão de alimentos de origem animal impróprios para consumo humano. E, a cada notícia sobre este tipo de trabalho, os comentários se repetem.
– Nos veículos de comunicação e nas nossas redes sociais, sempre que informamos sobre o trabalho do fiscal agropecuário na apreensão deste tipo de alimento, surgem pessoas dizendo que trata-se de desperdício e que o material deveria ser doado para instituições de caridade – lamenta a presidente da Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afagro-RS), Angela Antunes.
A apreensão geralmente ocorre por problemas de temperatura, armazenamento inadequado ou produtos sem inspeção. Isso significa que estes alimentos não podem ser consumidos por humanos. Assim, são encaminhados para graxarias, onde passam por um processamento em alta temperatura e transformados em farinha de carne e osso para a produção de ração animal. Angela esclarece que eventuais contaminantes são eliminados no processo industrial, não oferecendo risco para o animal que consumir.
A carne bovina, por exemplo, mantida acima de 7°C, deve ser descartada pela propensão à contaminação por bactérias patogênicas, que podem causar uma série de doenças e até levar à morte. Como nem sempre se manifestam imediatamente, podem ser subnotificadas no sistema de saúde. Cada categoria de produto tem um limite de temperatura previsto em lei.
Já os produtos sem inspeção guardam problemas ainda mais sérios.
– Quando apreendemos um produto clandestino, não sabemos as condições do animal e nem o local onde foi abatido. Existem problemas que só podem ser identificados na linha de abate. Com a carcaça fracionada, já não é mais possível detectar. Mas as zoonoses como tuberculose e brucelose podem estar lá – garante a presidente.
Condições inadequadas de armazenamento ou acondicionamento também apresentam riscos. Já foram encontradas carnes e derivados transportados sem embalagem no chão de veículos ou em contato com produtos tóxicos.
Temperatura máxima por produto:
Carne resfriada (bovina, ovina, suína e de búfalo) – até 7° C
Carne resfriada de aves – até 5°
Leite pasteurizado – até 10°
Mel e leite UHT – temperatura ambiente
Embutidos curados ou defumados – observar recomendação na embalagem