SAFRAS & MERCADO | ONLINE
O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller, concedeu entrevista à Agência SAFRAS na noite de ontem (22), em Porto Alegre (RS), durante o AVISULAT 2016, e disse que o governo está bastante atento à questão do milho. “A exemplo do cuidado que tivemos com as agroindústrias neste ano, fazendo todos os esforços para que elas não sofressem muito em função do alto preço, com a liberação de estoques públicos, viabilização da importação e liberação de recursos equalizados pelo Tesouro para que pudessem carregar os estoques comprando milho na boca da colheita, o governo irá trabalhar também para atender aos interesses dos produtores. Diante da previsão de uma safra cheia, puxada especialmente pelo milho, iremos cuidar para que o preço não fique abaixo do mínimo em 2017”, afirma.
Geller ressalta que as medidas adotadas pelo governo neste ano contribuíram para que o preço do cereal recuasse, especialmente no Mato Grosso, maior estado produtor do país. “Neste estado a saca de milho chegou a R$ 35,00, por conta dos efeitos da estiagem que comprometeram a produção em 10 milhões de toneladas, mas depois das intervenções a cotação recuou para a casa de R$ 26,00 a R$ 27,00, o que ainda deu uma boa renda ao produtor”, comenta.
Para 2017, Geller destaca que o governo vai trabalhar para que esta situação não se inverta. Segundo ele, a produção de grãos no Brasil poderá chegar a 215 milhões de toneladas em 2016/17, com uma previsão de safra alta para o milho. Já o mercado internacional dispõe de estoques bem elevados, o que leva a uma previsão de queda nas cotações no mercado doméstico. “Diante deste cenário iremos trabalhar para que o preço do milho pago ao produtor não caia abaixo do mínimo. É importante que o pessoal da agroindústria esteja ciente disso”, ressalta.
Geller comenta que no ano passado o produtor de Mato Grosso vendeu milho abaixo de R$ 17,00 a saca e a negociou no mercado internacional por R$ 18,00. Naquele momento as indústrias não se movimentaram para comprar por acharem que a saca cairia a R$ 15,00 e, depois disso, o governo acudiu o setor. “Agora queremos que a agroindústria fique atenta também, pois com a alta do dólar, muito milho já foi vendido no mercado internacional. Por outro lado, o governo vai estar preparado, podendo fazer contratos de opção pelo preço mínimo mais carregamento para sinalizar o mercado”, pontua.
Em termos de plantio da segunda safra 2017, Neri Geller não acredita em uma diminuição na área no Brasil, mesmo com a retração que vem sendo observada nos preços desde outubro. “Quando o mercado internacional estava aquecido muito milho foi travado entre R$ 23,00 e R$ 24,00, o que garantia uma boa margem. Agora, com a nova alta do dólar, outros volumes já foram negociados”, disse.
Outro argumento para um bom cultivo, de acordo com Geller, é que o mercado interno seguirá aquecido em termos de demanda por milho, diante do trabalho que vem sendo realizado para aumentar a participação da carne bovina, suína e de frango no cenário internacional. “O mercado interno consome cerca de 52 a 53 milhões de toneladas e os estoques do governo estão praticamente zerados.
Acredito que uma super safra não irá comprometer tanto a ponto do produtor deixar de plantar o cereal” finaliza.
O AVISULAT 2016 – V Congresso e Feira Brasil Sul de Avicultura, Suinocultura e Laticínios e Feira de Equipamentos, Serviços e Inovação, ocorre na Fiergs, em Porto Alegre (RS), até amanhã.