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Ontem (22), o primeiro dia do V Avisulat, evento que está sendo realizado em Porto Alegre, foi marcado por um conjunto de análises políticas e econômicas com o objetivo de responder algumas questões pertinentes aos setores de produção de proteína animal: Como avançar em meio à crise? Como é possível realizar um trabalho de forma integrada com o objetivo de buscar o desenvolvimento dos setores? Quais são as medidas necessárias para que os setores de produção de proteína possam garantir a sanidade dos plantéis de aves, suínos e bovinos de leite?
O grande destaque do evento, até o momento, foi a presença de Monique Eliot, Diretora da Organização Mundial de Saúde, a OIE. Ela esteve presente prestigiando o Avisulat e realizou, além de reuniões internas com autoridades, uma palestra para os presentes.
Segundo ela, o importante neste momento é otimizar os esforços para garantir ao máximo a saúde animal, com um único objetivo: também garantir a saúde humana. “Precisamos trabalhar sob o conceito de ‘one health’ (uma saúde única), no qual os esforços para a saúde humana sejam integrados aos de saúde animal”, explicou.
Sua apresentação se baseou em quatro pilares: os desafios em alimentar a humanidade, a globalização, os efeitos climáticos na produção animal e a perda da eficiência dos antimicrobianos devido ao aumento da resistência aos medicamentos. “O fato é que as doenças estão cada vez mais difíceis de serem tratadas. O mau uso das moléculas dos medicamentos por parte do setor animal, e em contrapartida por parte dos seres humanos – que usam medicamentos indiscriminadamente – gerou uma situação que hoje, somente pode ser resolvida com maior atenção e uso de forma mais consciente dos produtos”, disse. “É preciso limitar a degradação das ferramentas medicamentosas e tomar cuidado com a resistência antimicrobiana. Infelizmente, este deixou de ser um debate somente científico e passou a ser um debate político também. Hoje faltam legislações que limitem a produção, importação e distribuição de antibióticos”, cobrou Monique Eliot.
Ela ainda afirmou que os políticos, de um forma geral, não consideram a criação animal como prioritária quando se fala em prevenção e sanidade. “É preciso maior quantidade de recursos, pois casos como os da crise da Vaca Louca, no Reino Unido e da Influenza Aviária, nos Estado Unidos, provaram que é muito mais barato e salutar prevenir do que remediar os plantéis”, explicou e concluiu: “Para ‘fechar essa conta’ e resolver a questão, é primordial a disposição em criar mecanismos legais que amparem o segmento, sendo legislações nacionais e regionais, e a criação de alianças público-privada, fundamentais em uma cadeia desenvolvimentista, com em um elo, totalmente integrado”.
Cenário político e econômico brasileiro
Dentro do cenário político e econômico brasileiro foi traçada uma ampla análise sob o impacto das crises econômicas o cenário de produção de proteína animal. Participaram das discussões João Nardes, Ministro do Tribunal de Contas da União, Heitor Müller, Presidente do Sistema Fiergs e Francisco Turra, Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Uns mais pessimistas, outros mais otimistas, mas no geral, todos concordaram que o sistema nacional de produção de carnes de frango e suínos, ovos e leite, está ‘de parabéns’, pois, em meio à crise, há muitos motivos para comemoração. Nardes tentou responder a seguinte questão em sua breve apresentação: Qual é o Brasil que precisamos colocar em ação? A resposta, segundo ele, é um país no qual exista um sistema gerencial com governança. “O país precisa de um projeto básico com estratégia, sem o qual o Governo não ‘entrega’ à sociedade um bom produto. É impossível conquistar boas condições econômicas e sociais sem avaliação, controle e monitoria do trabalho público”, disse. O que, segundo ele, favorece o aparecimento de um estado corrompido pela corrupção. “O controle externo tem um papel papel fundamental nas esferas federal,estadual e municipal, com um indutor da governança pública em pró do desenvolvimento e fortalecimento do combate à corrupção”, disse.
Já Heitor Müller afirmou que o Brasil registra um aumento muito grande de impostos para fechar as contas públicas, pois não há uma eficiência no gasto da verba. “O resultado é esta crise generalizada. Infelizmente todos somos culpados, de uma forma ou de outra, até mesmo pela nossa omissão”, disse.
Já Francisco Turra, bastante otimista frente aos resultados do segmento preferiu destacar os avanços econômicos da atividade, mesmo em meio ao turbulento momento pelo qual passa o país. “Registramos um aumento histórico nas exportações de carne. Estamos vivendo um momento especial pois conseguimos mudar a imagem do Brasil no exterior”, disse e explicou. “Hoje somos reconhecidos como um país que produz com 61% do território (517 milhões de hectares) preservado, com garantia de sanidade, sem trabalho escravo e temos o trunfo de sermos um país com a ‘alma’ voltada ao agronegócio e à produção de alimentos. Hoje o mundo nos respeita e somos vistos como ‘a grande reserva de alimentos mundial e a minha mensagem no Avisulat é passada com extremo otimismo. Não pode ser diferente, por tudo que vejo e por tudo que vivo. Crescendo em meio à crise e isto merece respeito e é hora da reação”, avaliou Turra.
Hoje, o segundo dia do Avisulat, trará grandes análises sobre as chaves para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro e no sistema de inspeção de produtos de origem animal e os resultados para as agroindústrias com o fortalecimento da defesa animal no país e os desafios das empresas no âmbito da competitividade interna e externa. Estes e outros assuntos você acompanha aqui no AviSite, com a cobertura especial da quinta edição do Avisulat.