ZERO HORA | CADERNO VODA | PÁGINA 8
Em meio a euforia de praia, piscina, viagens e férias, as famílias nem sempre lembram de redobrar a atenção com a saúde do mascote. Mas não é preciso ter muita preocupação: os cuidados com cães e gatos não vão muito além daqueles que temos com nós mesmos. Embora esse animais têm a temperatura corporal um pouco mais elevada do que a nossa – de 37,5°C a 38°C – os sinais de que estão com calor são bem evidentes. Veja algumas dicas.
Os sinais
Enquanto que o seres humanos transpiram para manter a temperatura do organismo em equilíbrio, os animais de estimação realizam a troca de calor com o ambiente por meio da respiração. Isso explica por que os cães costumam andar com a “língua para fora” em dias mais quentes – principal sinal de que os bichinhos estão com calor.
– No inverno, os cachorros ficam ofegantes quando brincam muito, ou quando correm. Já no verão, isso pode acontecer até mesmo quando estão em repouso – ressalta Rodrigo Lorenzoni, presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária.
Cães e gatos inquietos, a procura de um local mais fresco ou de uma fonte de água, é outro sinal de desconforto térmico. A fim de aumentar o contato do corpo com uma superfície fria, o pet também pode ser encontrado “esparramado” no chão, geralmente com a barriga para baixo.
Horários de passeio
– O horário adequado para o homem se expor ao sol é também o horário ideal para os pets – comenta Lorenzoni.
Levar os animais para passear antes das 10h e depois das 16h é a medida mais adequada para prevenir o calor em excesso. É importante, ainda, possibilitar ao pet o acesso à água e à sombra ou a um local fresco – para ele ter um lugar para onde recorrer caso sinta o aumento de temperatura.
Para situações de calor mais extremo, a ventilação ou a refrigeração do ambiente também podem ajudar. No entanto, o especialista alerta para não colocar o focinho do animal em frente a uma fonte fria. O ventilador pode ressecar as mucosas nasais. Além disso, vento direto no olho do animal pode resultar em uma lesão na córnea.
Raças que sofrem mais
Cães das raças são bernardo e husky siberiano, por exemplo, são conhecidos pela pelagem mais densa, típica para a adaptação ao frio de suas regiões de origem. As duas raças estão incluídas na lista de cães que, devido ao tipo de pelo, merecem atenção redobrada no verão, assim como, por exemplo, poodle, cocker, chow chow e pastor alemão. A tosa pode ser uma forma de proporcionar mais conforto a esses bichinhos.
Já os pugs, boxers e buldogues também podem sair em desvantagem no verão. Mas não pelagem curta e sim por terem o focinho achatado – o que os caracteriza como branquicefálicos.
– Como as vias aéreas desses animais são encurtadas, eles acabam tendo mais dificuldade de realizar a troca de calor – explica Lorenzoni.
Piscina pode ajudar
A piscina também é uma boa opção para aliviar o calor. Cães das raças labrador e golden retriver são fãs de natação por natureza e podem buscar essa alternativa por conta própria em dias mais quentes. Entretanto, nem todos os animais agem da mesma forma. O que é um alívio para alguns, pode ser um estresse para outros.
Além disso, produtos químicos usados para limpar a água podem agredir a pele e os pelos do animal. Às vezes, um banho de mangueira já é o suficiente para amenizar o calor.
Perda de apetite
Sentir menos fome em dias quentes não é um comportamento comum apenas para os humanos. Os animais de estimação agem da mesma forma. O ideal é oferecer refeições a eles em horários mais frescos e sempre ter água à disposição, já que a injeta de líquidos aumenta no verão.
O lugar da casinha
A casinha do animal deve ficar sempre à sombra, para evitar o calor em excesso. Segundo Lorenzoni, é comum os donos não se darem conta de que o sol muda de posição e de que, nem sempre, a moradia do cão estará na sombra.
Cuidado com o piso
As “almofadas” das patas dos cães têm como função fazer o isolamento térmico. Mesmo assim, todo o cuidado é pouco nos dias muito quentes. Elas podem não aguentar o calor excessivo do asfalto e acabar queimando. Por isso, é preciso observar a temperatura da superfície onde o cachorro vai pisar e, quando possível, dar preferência à grama.
Saúde em risco
Animais com histórico de problemas respiratório e insuficiência cardíaca, por exemplo, podem ter os sintomas agravados no verão pois, para manter a temperatura em equilíbrio, o sistema cardiorrespiratório é mais exigido.
Cães e gatos de pelagem clara são mais propensos ao câncer de pele. Por isso, indica-se passar protetor solar – específico para os animais – nas regiões de maior exposição.
Em situações de calor extremo, os cães podem desenvolver intermação, uma causa de hipertermia que pode resultar até mesmo na morte do bichinho. De acordo com Lorenzoni, os casos não são raros.
– O lugar onde isso mais acontece é dentro do carro. Às vezes, 15 minutos são o suficiente para o animal desenvolver a situação. Deixar uma fresta no vidro não basta – alerta o especialista.
Quando isso acontece, nota-se o pet muito mais ofegante do que o normal, com a língua roxa e aparência abatida, não conseguindo permanecer em pé. Nesse caso, recomenda-se tirar o animal da exposição de calor, refrescar o ambiente, oferecer água e levá-lo ao veterinário.
Pulgas e carrapatos
Por se reproduzirem com mais facilidade na época mais quente do ano, pulgas e carrapatos são mais comuns no verão. Esses parasitas são capazes de transmitir doenças como a babesiose, que pode resultar em anemia, perda do apetite e cansaço.
Para proteger os animais, deve-se aplicar, uma vez por mês, uma medicação específica para esses casos.