GAZETA DE ROSÁRIO | ROSÁRIO DO SUL | ARTIGO
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do RS iniciou em outubro uma série de eventos para esclarecer profissionais sobre as ocorrências de mormo. O Rio Grande do Sul, que era considerado oficialmente área livre da doença até junho deste ano, vem registrando diversas suspeitas e casos confirmados. Entre as missões da entidade estão orientar, atualizar e capacitar médicos veterinários no exercício da atividade. Com três eventos já realizados, quase duzentos médicos veterinários receberam a capacitação para contribuir com o controle da doença.
Ocorre que, junto com os alertas para a prevenção, que devem ser tomados por todos – médicos veterinários, produtores e o serviço oficial – vem a intolerância. Muitos envolvidos na equinocultura, ainda não enxergam a dimensão do problema e não aceitam as medidas recomendadas. Encaram o tema com paixão e buscam alternativas, inclusive judiciais, ao que dizem as normas de segurança sanitária. A ocorrência de mormo é um assunto técnico e somente desta forma deve ser tratado para garantir a saúde pública.
A eutanásia, ou sacrifício, é a medida indicada para animais infectados com a doença. Não é uma escolha do profissional. É uma determinação internacional, adotada em todos os países que fazem parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). O mormo é uma doença registrada em quase todos os estados brasileiros. Aqui no RS são poucos os casos, em comparação com o plantel equino de mais de meio milhão de animais. Até chegar à recomendação de eutanásia, são necessários pelo menos três diagnósticos positivos. Muitas vezes a doença não manifesta sintomas clínicos, não “aparece” no animal, podendo ser diagnosticada apenas através de exame de sangue.
Por tudo isso é preciso que o criador ou produtor rural entenda o trabalho dos médicos veterinários e tenha a consciência coletiva de que se um único animal infectado for mantido em contato com outros, sadios, uma epidemia poderá se configurar e muitos ouros sacrifícios serão necessários. O cavalo é um animal que faz parte da cultura do gaúcho. Além do trabalho na propriedade ou a participação em esportes equestres, também tem o status de parceiro, amigo, companheiro do homem que tem alguma conexão com o campo. Por isso preservar a saúde desta espécie é uma tarefa de todos.
* Rodrigo Lorenzoni, presidente do CRMV-RS