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A greve dos auditores fiscais da Receita Federal, que vem prejudicando a movimentação das aduanas do Rio Grande do Sul, já causou um importante impacto para o setor industrial. A avaliação da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS) é reforçada por um levantamento realizado junto a empresas de diversos portes no Estado. A maioria das indústrias (87,5%) revelou que está sendo afetada pela greve. “A estimativa da FIERGS é de que as indústrias gaúchas entrevistadas tenham perdas acumuladas de R$ 60 milhões desde o início das paralisações da Receita Federal, há 57 dias, o que equivale a aproximadamente R$ 1 milhão por dia”, indica Cezar Müller, coordenador do Conselho de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Concex) da FIERGS, responsável pelo levantamento. Além disto, algumas empresas relataram em um encontro realizado com a FIERGS que estariam suspendendo o envio de mercadorias nas próximas semanas para evitar custos adicionais devido ao atraso no embarque.
A sondagem foi realizada entre os dias 12 e 14 de dezembro, e 104 indústrias de vários segmentos responderam à pesquisa disponibilizada na internet para empresas importadoras e exportadoras. Para cerca de 90% está havendo um significativo prejuízo, que ocasiona principalmente atraso do envio e recebimento de mercadorias, dano na imagem da empresa perante clientes e fornecedores, maiores custos operacionais nas operações de comércio exterior e, em alguns casos, até mesmo a paralisação da linha de produção. Outro aspecto relevante é que a greve está causando impactos tanto na exportação, quanto importação, com maior incidência na importação, relatada por 61% dos respondentes. “Diante da grave situação provocada pela greve dos auditores fiscais da Receita Federal do Brasil, a FIERGS manifesta sua indignação com o enorme prejuízo causado na economia gaúcha pelos atrasos na liberação de mercadorias nas zonas alfandegárias, transformando as empresas em reféns de mais esta paralisação em um serviço público”, afirma Cezar Müller.
Para a economia do Rio Grande do Sul, a greve tem impacto relativamente maior que em outras regiões do país devido à vocação exportadora e consequente volume de operações de comércio exterior. Segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), foram 2.773 exportadoras do Estado entre os meses de janeiro a novembro de 2016 e 3.630 importadoras gaúchas no mesmo período.
O principal impacto da greve sinalizado pelas empresas está sendo o atraso no envio e recebimento de mercadorias, conforme 33% das indústrias consultadas. O segundo maior é o prejuízo na imagem da empresa perante clientes e fornecedores. Na sequência, os empresários relataram problemas com o aumento no custo das operações de comércio exterior e até mesmo a paralisação das linhas de produção. “O prejuízo de perder um cliente no exterior é incalculável, muitas vezes eles não toleram a greve como justificativa para o atraso no cumprimento de contratos”, pondera.
Embora a greve atinja uma grande diversidade setorial, os que mais apontaram os impactos negativos foram os fabricantes de máquinas e equipamentos, móveis e couro e calçados. O levantamento também abordou as zonas alfandegárias de maior incidência de atrasos. Foram destacados o Terminal de Contêineres do Porto de Rio Grande, o Aeroporto Salgado Filho e os Portos Secos de Canoas e Uruguaiana.
Diante desse cenário, reforçado pela crise econômica no Brasil, a FIERGS analisa buscar novas ações judiciais para minimizar os prejuízos. Também reforçou sua articulação sobre o tema junto aos ministérios relacionados e à Confederação Nacional da Indústria (CNI), que manifestou forte preocupação com a situação e vem acompanhando de forma minuciosa os desdobramentos do assunto em Brasília. “Cabe aos órgãos públicos adotarem medidas que venham normalizar, imediatamente, o fluxo de mercadorias nas aduanas do Rio Grande do Sul, a fim de não comprometer a competitividade das empresas, a geração de oportunidades e renda para toda a sociedade gaúcha”, ressalta Cezar Müller.