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16/11/2016 – ZH: Secretário da Receita afirma que “navio corre o risco de naufragar”

ZERO HORA | POLÍTICA | PÁGINA 14

Em reação a projeto que altera carreira, auditores ameaçam debandar

Na tentativa de estancar a maior crise da história do órgão, o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, endereçou carta com apelo dramático aos auditores que colocaram à disposição postos estratégicos e cargos de confiança no Fisco.

Na mensagem, apontou para os “muitos interessados no não funcionamento, na desorganização, no enfraquecimento da instituição”. Disse que, “ao deixar a função que se ocupa ou mesmo ameaçar fazê-lo, ficam frágeis as linhas de responsabilidade e comando da instituição e perde­-se a funcionalidade do órgão”.

“Um navio não chegará mais rapidamente a seu destino com o abandono de seus comandantes. Pelo contrário, restará à deriva e correndo o risco de naufragar. Cabe equilíbrio emocional e serenidade neste momento”, completou o secretário.

A emblemática carta de Rachid, destinada a delegados e a superintendentes, tenta impedir o avanço da crise, deflagrada por auditores insatisfeitos com o que chamam de “graves distorções” no projeto de lei 5864/2016, sobre a carreira tributária. Eles repudiam a possibilidade de partilhamento com os analistas de quase a totalidade das prerrogativas que são privativas do cargo de auditor fiscal. A mobilização teve impacto em empresas, que tiveram atrasos em compra e venda do Exterior.

Na primeira reação ao projeto, no dia 9 de novembro, 57 auditores ameaçaram renunciar às funções de confiança da 8ª Região Fiscal (SP), a que mais arrecada tributos no país – R$ 500 bilhões por ano. No dia 11, a crise recrudesceu. Cerca de 400 auditores, entre subsecretários, superintendentes, coordenadores, delegados e inspetores, divulgaram manifesto contra os efeitos “nocivos” do substitutivo aprovado por comissão especial da Câmara.

“Estamos assistido a movimentos de entrega de cargos na Receita como manifestação de insatisfação com a tramitação do PL nº 5.864”, escreveu Rachid a seus pares. “Os efeitos desta linha de ação serão o empobrecimento produtivo e inte­lectual da Receita”, completou.

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