ZERO HORA | CAMPO ABERTO | ONLINE
A confirmação de um foco de influenza aviária, ainda que de baixa patogenicidade, no Chile ligou o modo de alerta máximo no Brasil – tanto que a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) determinou a suspensão das visitas às granjas e áreas com animais vivos por 30 dias. O Rio Grande do Sul, que tem áreas de fronteiras com Argentina e Uruguai, também está se preparando, com todas as armas disponíveis, para continuar mantendo essa grande dor de cabeça bem longe daqui.
Entidades do setor produtivo e da área de sanidade estão acertando a adoção de medidas adicionais. Uma das ações que poderão ser concretizadas é a instalação de rodolúvios e pedilúvios (banho com desinfetante dado em veículos e pés) nos postos de fronteira do Estado.
A superintendência regional do Ministério da Agricultura aguarda nota técnica de Brasília, da coordenação nacional de sanidade agrícola, para saber se esse recurso será utilizado e a partir de quando, explica a auditora fiscal agropecuária Alícia Farinati. O Fundo de Desenvolvimento Sanitário e Defesa Animal (Fundesa) já avalia a liberação de recursos para aquisição de insumos e equipamentos, como os macacões especiais usados para dar proteção a técnicos que venham a fazer o controle da doença, caso seja detectada.
– Estamos adotando medidas cautelares, porque temos de mitigar o risco ao máximo. A cadeia é toda voltada à exportação. O Chile já foi embargado – avalia Marcelo Göcks, chefe da divisão de defesa sanitária animal da Secretaria da Agricultura.
Outro cuidado extra é com relação aos sítios em áreas que fazem parte da rota de aves migratórias no Rio Grande do Sul. É o caso da Reserva do Taim e da Lagoa do Peixe. Conforme Göcks, nesta semana será intensificada a vigilância nesses locais – os técnicos entram para avaliar os animais e orientar os produtores.
A Secretaria da Agricultura também prepara um manual de orientação para a liberação de recursos financeiros e humanos para combate à doença, caso haja registro.
– É importante estar pronto para fazer frente a uma suspeita – complementa o chefe da divisão de defesa sanitária animal.Da manutenção do atual status, de livre da influenza aviária, dependem 10,5 mil famílias que trabalham com a atividade da avicultura no Estado, terceiro maior produtor – responde por 14% do total – e terceiro maior exportador do país – 18% do total. Por ano, são abatidos no Rio Grande do Sul cerca de 840 milhões de aves.
– Em 2016, os gaúchos exportaram 746 mil toneladas de carne. Se somos embargados, não temos para onde vender – alerta José Eduardo Santos, diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).