ZERO HORA | CAMPO ABERTO | PÁGINA 17
Frente à escassez no mercado interno, empresas das áreas de aves e suínos se jogaram a importar milho ao longo de 2016, levando os negócios a patamares recordes. No Rio Grande do Sul, no acumulado do ano até outubro, foram 231,8 mil toneladas, enquanto no mesmo período do ano passado a contabilidade mostrava somente 190 toneladas isso, sem o mil! Os volumes também foram elevados no mês passado, de 62 mil toneladas, quatro vezes a mais do que em setembro.
E agora, com a disparada do dólar, que na sexta-feira roçou R$ 3,50 – apesar de ter fechado a R$ 3,39? Além da oferta interna nada folgada, o câmbio também pode incentivar mais exportações do grão, contribuindo para enxugar ainda mais o mercado. A sorte do setor de carnes, no entanto, é que a safra recorde nos Estados Unidos está conseguindo deixar os preços em patamares mais acomodados.
– O preço do milho está um pouco deprimido e isso está compensando a variação cambial – pondera Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Suínos (Sips) do Estado.
Apesar de o setor se beneficiar das exportações, cerca de 80% da produção de suínos, por exemplo, é destinada ao mercado interno. O dólar alto também aumenta os custos da cadeia, como insumos veterinários e embalagens para a indústria. O setor, agora, fica atento às exportações brasileiras de milho para verificar para que lado deve pender a balança dos preços.
Os frigoríficos de aves e suínos também contam com um ingrediente extra nas rações. Como as cotações do trigo estão abaixo do preço mínimo, para desgosto dos agricultores, o cereal vem sendo uma opção na formulação de rações, embora em níveis de adição limitados.