CORREIO DO POVO | RURAL | PÁGINA 10
A Secretaria da Agricultura (Seapi) confirmou ontem mais nove casos de mormo no Estado, oito em Cruz Alta e um em Rio Pardo. Os equinos tiveram diagnóstico positivo para a doença no exame de triagem. A confirmação foi feita pelo teste de maleína, substância injetada no cavalo e que, em animais contaminados, causa reações inflamatórias após 48 horas. As metodologias são oficiais no Brasil e estão previstas na Instrução Normativa (IN) 24/2004, que prevê normas para controle e erradicação do mormo.
O equino de Rio Pardo já foi sacrificado, mas os oito cavalos de Cruz Alta estão protegidos por decisão liminar judicial que impede o sacrifício. O juiz Sérgio Manduca Rosa Lopes, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, concedeu a tutela antecipada e determinou que sejam realizados exames western blotting, técnica complementar ao exame de triagem, assim como a maleína.
O local onde estão os oito equinos positivos para mormo em Cruz Alta é uma hospedaria onde há outros dez cavalos que tiveram exame negativo para a doença. Com o sítio interditado, não está autorizada a entrada nem a saída de animais. O secretário de Agricultura do município, Airton Becker, relata que os proprietários dos demais equinos estão preocupados com a possibilidade de contaminação. “Os criadores estão entrando com pedidos de liminar para retirar os animais de lá”, contou. Por precaução, a prefeitura transferiu os alunos de uma escola próxima à chácara, localiza da em uma área urbana e de grande fluxo de pessoas.
Até o momento, o Rio Grande do Sul contabiliza 12 equinos com o sacrifício suspenso por decisão liminar, apesar do resultado positivo para mormo. Segundo a legislação brasileira e recomendações internacionais, é obrigatório o sacrifício dos animais doentes. O Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) está preocupado com as decisões liminares que contrariam as normas técnicas regulamentadas. “Até que ponto estamos sendo prudentes ao judicializar questões ligadas a uma área tão técnica?”, questiona o presidente do conselho, Rodrigo Lorenzoni. Para o veterinário, o momento requer cuidado, pois ultrapassa a situação de alerta. Em pouco mais de cinco meses desde a confirmação do primeiro caso de mormo no RS, em Rolante, o Estado registra 26 equinos positivos — 13 foram sacrificados e um veio a óbito — em 13 municípios.
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CRIADOR MANTÉM ESPERANÇA
Além de Cruz Alta, outros quatro municípios gaúchos têm equinos positivos para mormo com sacrifício suspenso por liminar. Em Alegrete, a égua Bionda, prenhe de dez meses, teve o sangue coletado há poucos dias para exames em laboratório nos Estados Unidos. O resultado deve chegar em 40 dias. A dona, Inda Clara Seniw, está confiante. “Todos os indícios são de que Bionda não tem mormo, mas se porventura ela tiver que morrer, que seja uma morte justa”, afirma. Segundo o veterinário Carlos Eduardo Wayne Nogueira, professor da UFMS, provavelmente o potro nascerá saudável. Em Pelotas, o empresário Fernando Maysonnave Fernandes, dono da égua Atrevida do Monte Bonito, afirma que os exames são arcaicos e não atestam 100% da doença.
A alegação é de que existem 47 bactérias semelhantes, oito com carga genética quase idêntica. “Por este motivo solicitamos tutela antecipada para o animal não ser sacrificado”, explica. O caso de Uruguaiana envolve uma égua puro-sangue inglês (PSI), de aproximadamente sete anos, hospedada no Haras Cruz de Pedra.
O proprietário, porém, é de São Paulo. Conforme o professor Carlos Antonio Mondino Silva, dono do haras uruguaianense, o teste de maleína é um recurso impróprio por ser inespecífico, podendo apontar um falso positivo ou negativo. Em Três de Maio, a égua positiva tem vínculo epidemiológico com a propriedade de Santo Antônio das Missões, que teve cinco equinos sacrificados