JORNAL CORREIO DO POVO | RURAL | PÁGINA 9
A Secretaria da Agricultura vai reforçar o monitoramento de propriedades do entorno da Lagoa do Peixe e da Estação Ecológica do Taim, sítios de passagem e reprodução de aves migratórias. A decisão foi tomada ontem, em reunião com representantes de outros órgãos públicos e entidades da cadeia produtiva de aves, depois da confirmação de casos de influenza aviária no Chile.
“A migração ocorre no outono, mas vamos ampliar a vigilância, com visitas às propriedades, orientando sobre a situação que existe no Chile e sobre os sintomas que devem ser observados nos animais. Se for identificada alguma suspeita, os proprietários têm que nos avisar”, diz o chefe da Divisão de Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura, Marcelo Gocks.
Nesta semana, a Casa Civil também começou a articular ações de outros órgãos de Estado, como definições sobre liberação de verbas emergenciais e plano de contingência. Em âmbito nacional, o governo iniciou as atividades de fiscalização e desinfecção dos veículos que vêm do Chile e chegam aos postos da fronteira brasileira, com a instalação de rodolúvios e pedilúvios.
Já o Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa) se comprometeu a agilizar a liberação de recursos para a aquisição de equipamentos e insumos. “A atuação rápida para o controle de uma enfermidade como essa faz toda a diferença para minimizar prejuízos e preservar a saúde”, afirma o presidente do Fundesa, Rogério Kerber. Um dos produtos que deverá ser adquirido é um macacão especial, com alto nível de biossegurança, capaz de proteger os técnicos em caso de detecção da doença. Desde quarta-feira também passou a valer o pedido da Associação Brasileira de Proteína Animal de suspensão, por 30 dias, de visitas às estruturas e áreas com aves vivas, incluindo bloqueio do acesso de clientes e fornecedores.
Os focos encontrados no Chile, segundo Gocks, são de baixa patogenicidade, uma forma mais amena de manifestação da enfermidade, com dispersão mais lenta e menor mortalidade. Já na Europa, que registrou novos focos na Eslovênia, Itália e Espanha, as ocorrências são de alta patogenicidade, infecção mais difícil de ser controlada. “Não é uma situação que causa temeridade no Brasil, mas temos que manter medidas cautelares para evitar eventuais prejuízos, uma vez que a avicultura depende muito da exportação”, diz Gocks. Em 2016, o setor produziu mais de 1,8 milhão de toneladas de carne de frango e 3 bilhões de ovos.