ZERO HORA | CAMPO ABERTO | PÁGINA 20
Para uma ação inesperada ainda que não improvável , haverá reação de igual proporção. A troca não esclarecida do superintendente do Ministério da Agricultura levará fiscais federais agropecuários a cruzarem os braços hoje no Estado. Pelo menos essa é a orientação da delegacia sindical do Rio Grande do Sul do Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa) para todas as atividades desempenhadas pela categoria.
O desconforto em torno da troca vem de alguns fatores. O primeiro: depois de anos de indicação política, o Ministério da Agricultura havia atendido à reivindicação para nomear um funcionário de carreira. Roberto Schroeder é médico veterinário e está há 12 anos no quadro. Sua colocação foi importante em um momento delicado – o antigo superintendente, Francisco Signor, foi afastado em maio de 2015, em meio a investigações da Polícia Federal sobre irregularidades.
Outro incômodo é que não há reclamação formal sobre o trabalho de Schroeder. O Ministério da Agricultura informou, por meio da assessoria, que ainda não tem posicionamento sobre o assunto.
Por fim, a volta da indicação política também desapontou. O novo superintendente, Luciano Maronezi, tem o endosso da ala do PTB que apoia o governo Dilma. E ainda que tenha formação na área – é técnico agropecuário, com curso superior em Administração e em Gestão e Planejamento no Desenvolvimento Rural –, seu nome era, até então, desconhecido no setor. De Nova Alvorada, no norte do Estado, ele precisará vencer a desconfiança para desatar o nó criado com a mudança.
ENTREVISTAS
LUCIANO MARONEZI – Novo superintendente
Como foi convidado ao cargo?
Inicialmente, teve o contato do PTB, com o apoio do Busato (deputado federal Luiz Carlos Busato). O ministério me pediu que enviasse o currículo.
Como encara a crítica ao fato de sua indicação ser política?
A gente tem de manter a tranquilidade. Será um desafio. Mas vou buscar trabalhar, ouvir as demandas. Gosto de tentar resolver os problemas de forma pacífica. Espero desenvolver um bom trabalho. Foi uma indicação um pouco política, mas também teve respaldo técnico.
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ROBERTO SCHROEDER – Ex-superintendente
A exoneração foi uma surpresa?
Não totalmente. Acompanho a movimentação política, apesar de não ter definição partidária. Sei que minha nomeação também passou por avaliação política. E que com as alterações no governo havia a possibilidade de troca. O que me chateia não é ser substituído, é ser alguém de fora. Preferia que fosse um colega, não necessariamente um fiscal.
Recebeu alguma justificativa?
Nenhuma. Se tivesse sido por ineficiência na minha administração… Tudo bem trocar, mas poderiam trocar por alguém da casa.