CORREIO DO POVO | RURAL | PÁGINA 8
Fiscais agropecuários prometem paralisar atividades emprotesto contra exoneração de Schroeder
A exoneração do superintendente do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul (Mapa/ RS), Roberto Schroeder, provocou reações contrárias de áreas técnicas no Estado. Descontentes com a nomeação de Luciano Maronezi, indicado pelo PTB, os fiscais federais agropecuários prometem paralisar atividades por 24 horas hoje. A troca no comando foi publicada ontem, no Diário Oficial da União.
Técnico em agropecuária, graduado em Administração de Empresas e em Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural, Maronezi admite que foi nomeado após indicações políticas. De acordo com ele, a possibilidade de assumir o cargo começou a ser discutida há cerca de um mês. Na ocasião, ele enviou um currículo ao ministério. Apesar da ligação com o PTB, o novo superintendente afirma que a preocupação da legenda era fazer uma indicação técnica. “Como tenho certa formação na área, acabaram me escolhendo para ocupar o cargo”, explica o novo superintendente, que tem 36 anos. Maronezi foi secretário de Meio Ambiente, Minas e Energia de Nova Alvorada. Em 2008, candidatou-se a vice-prefeito.
Sobre a insatisfação dos servidores, o novo superintendente tenta apaziguar os ânimos. “Eu pediria que eles tenham calma, tranquilidade. Não vou ser uma pessoa que vai chegar e provocar uma série de modificações”, explica. Na manhã de hoje, ele se reúne com diretores do Mapa/RS para se inteirar dos assuntos da pasta.
Ao se despedir do cargo, Schroeder, que é servidor do quadro do ministério, criticou a escolha do novo chefe do órgão. Comunicado da exoneração na noite de quarta-feira, ele disse que, mesmo com uma nomeação política, tinha a esperança de que o novo superintendente pudesse ser um colega que já atuasse no ministério. “Não conheço a pessoa, mas só pelo fato de ser alguém que não vinha participando de nenhum processo relativo à superintendência, por si só, já é um retrocesso”, afirmou.
Durante os nove meses em que esteve à frente da superintendência, Schroeder afirma ter conseguido descentralizar algumas decisões do órgão. Um dos pleitos junto ao governo federal era a ampliação do número de fiscais no Estado. Desde 2008, esse número caiu 8%, segundo Schroeder. Ele havia sido nomeado interventor em maio de 2015, após a exoneração de Francisco Signor. Em agosto, foi confirmado no cargo de superintendente.
Segundo a delegada da Anffa Sindical no RS, Consuelo Paixão Côrtes, a categoria vai suspender algumas atividades hoje. “A orientação é ir trabalhar vestido de preto, mas não assinar certificação”, afirma. O trabalho dos fiscais no Porto de Rio Grande e nos frigoríficos deve ser interrompido. Um ofício foi encaminhado pela entidade sindical à ministra Kátia Abreu. A nomeação de Schroeder havia sido uma reivindicação da categoria.