CORREIO DO POVO | OPINIÃO | PÁGINA 2
A modalidade de Ensino à Distância (EaD) vem se popularizando ano a ano. Trata-se de uma grande solução, proporcionada pela tecnologia, para milhões de estudantes que vivem em áreas remotas e até então sem possibilidade de ter diploma de curso superior. Atualmente é possível fazer cursos de especialização até em instituições do exterior!
Apesar de ser uma ótima oportunidade para muitos cursos, especialmente da área de humanas é preciso entender que algumas profissões não podem ser ensinadas à distância. A Medicina Veterinária é uma delas. Juntamente com outras profissões ligadas à saúde humana e animal, a graduação tem boa parte de seu currículo focada em disciplinas práticas, de muita complexidade como técnicas de cirurgia, semiologia (que ensina sobre exames clínicos), patologias e obstetrícia.
Você levaria seu bichinho de estimação para ser operado por um médico veterinário formado à distância? Daria para seu filho leite produzido sob a orientação de um profissional que nunca teve disciplinas práticas ligadas à produção de alimentos de origem animal? Ou consumiria carne inspecionada por fiscais que sequer observaram uma carcaça e seus potenciais contaminantes presencialmente?
Para os cursos de Medicina, Odontologia e Psicologia, a liberação de EaD só ocorre após a análise do Conselho Nacional de Saúde que, por compreender a responsabilidade que um profissional da saúde tem com vidas, nunca liberou o sistema para estas graduações. O curso de Direito também só tem cursos à distância após a aprovação do Conselho Federal da OAB.
Todo este debate se iniciou com o anúncio de 500 vagas para curso de Medicina Veterinária à distância por um centro universitário de Santa Catarina. Após a repercussão negativa do fato junto aos profissionais e à população, a coordenação voltou atrás e cancelou a iniciativa. Entretanto, foi o motivo para levarmos esta discussão adiante, postulando alterações no decreto que regulamenta o EaD no país e, desta forma, protegendo a saúde da população e dos animais através da formação de profissionais de excelência – que só pode acontecer com disciplinas práticas presenciais.