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01/12/2015 – ZH: Campo e Lavoura – ARTIGO – Portas arrombadas, trancas de ferro

ZERO HORA | CAMPO E LAVOURA | PÁGINA 2

A sabedoria do velho ditado infelizmente pode ser aplicada. Com a tragédia em Mariana, os olhos do povo brasileiro, de entidades de defesa do ambiente e de políticos voltaram-se para um tema fundamental: fiscalização. Se tivesse havido um trabalho sério, efetivo, ético e a inspeção regular destas obras de tão grande monta, certamente o impacto não teria sido tão devastador.

Lamentavelmente, é preciso que algo grave aconteça para se prestar mais atenção em falhas como essa – que ocorrem em diferentes setores. Nós, fiscais federais agropecuários, imediatamente fizemos, ao ver notícias que de que a falta de fiscalização resultou no rompimento da barragem, uma relação direta entre esse episódio e a proposta de terceirização da inspeção de alimentos. O projeto do Ministério da Agricultura (e de algumas secretarias estaduais de Agricultura) é permitir que um veterinário que não faz parte do serviço oficial possa inspecionar frigoríficos e agroindústrias. Alguém contratado pela própria empresa fazendo a análise e tendo que, em tese, barrar inconformidades.

É mais ou menos como no caso da mineradora de Mariana. Na falta da presença de integrante do Departamento Nacional de Produção Mineral, deixaram a apresentação de laudos para a própria empresa Samarco. O que esperar?

Nossa atividade está diretamente relacionada à saúde pública, uma vez que mais de 200 enfermidades podem ser transmitidas por meio de alimentos. O consumo de um produto sem inspeção pode provocar uma doença que aparece meses ou até anos depois, o que reduz as notificações. Entretanto, graças ao nosso trabalho, e ao de fiscais estaduais também, evita-se que alimentos inadequados cheguem à mesa do consumidor. Sem a atenção necessária a essa questão e com interesses econômicos maiores do que a saúde pública, como na barragem, o estrago será produzido ano após ano, culminando com o caos.

Não queremos esperar que arrombem nossas portas para que adotemos medidas de prevenção. Queremos a valorização da atividade do fiscal federal agropecuário para continuar garantindo a segurança dos alimentos. Antes que seja tarde.

*Artigo de Consuelo Paixão Côrtes – Fiscal Federal Agropecuária, Delegada Sindical no Estado do Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários

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