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30/08/2016 – RS tem exemplo para o país

O trabalho realizado pela Federação dos Clubes de Integração e Troca de Experiência (Federacite) é um modelo de como a união pode proporcionar o crescimento do setor produtivo. “Se tivéssemos uma Federacite nacional, o cenário poderia ser diferente, pois o que falta ao produtor brasileiro é ter consciência da importância do seu trabalho e comunicar isso à sociedade”. A afirmação é do ex-ministro da Agricultura, Antonio Cabrera. Ele palestrou na Casa da Federação dos Clubes de Integração e Troca de Experiências na Expointer durante comemoração dos 40 anos do Movimento Citeano.

Cabrera deu alguns exemplos como o tempo médio para a liberação de uma patente no país, que gira em torno de 13 anos ou a obrigatoriedade de escrever “água mineral natural” e “não contém glúten” em uma garrafa de água mineral. “Não podemos contar com o governo. Se o Brasil não tivesse área agricultável, isso seria um problema. Mas o que temos é o excesso de burocracia e isso podemos resolver”. O volume de leis no Brasil provoca o engessamento do setor produtivo e onera empresários, trabalhadores e consumidores. “Sem burocracia o Brasil pode decolar”, completa.

O ex-ministro, que ficou na pasta de 1990 a 1992, foi responsável pela aprovação da primeira lei agrícola do Governo Collor, que criava a equivalência produto para cálculo de dívidas, uma grande vitória para o setor. Também foi em sua gestão que o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) foi criado.

O presidente da Federacite, Carlos Simm, pontuou que o setor produtivo tem muitos desafios – diferentes do que encontrava há quatro décadas e que as palavras do ex-ministro comprovam que a união e o protagonismo do setor são uma das virtudes de quem integra os Clubes de Integração e Troca de Experiências. Segundo ele, a globalização passou a dar novas referências e a exigência dos consumidores aumentou. “A integração de sistemas produtivos e sustentabilidade são as principais estratégias para o agronegócio e foram exatamente com estes conceitos que o Movimento Citeano começou sua trajetória”, explicou.

O que é o Movimento Citeano?

Cite é a sigla para Clubes de Integração e Troca de Experiências. A iniciativa surgiu no Rio Grande do Sul, na década de 1970, como forma de dinamizar a produção agropecuária. O Movimento Citeano nasceu com o objetivo de organizar grupos para a adoção de novas tecnologias, troca de experiências e até mesmo uso comum de máquinas e equipamentos, ações que têm como base os princípios do associativismo e cooperativismo.

Este conceito de Clubes de Integração e Troca de Experiências surgiu na França da década de 1940, após a Segunda Guerra, como forma de encontrar soluções para a reorganização do setor produtivo. Logo após a ideia se espalhou pela Europa e acabou vindo para a América Latina.

O Rio Grande do Sul conta com 127 Cites registrados, que reúnem 1,4 mil produtores.