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04/02/2017 – ZH: Cotações preocupam

JORNAL ZERO HORA | CAMPO E LAVOURA | PÁGINA 5

O ânimo dos agricultores com a disparada dos preços do milho durante o ano passado se transformou em preocupação com o recuo das cotações. Na semana passada, o preço médio da saca de 60 quilos no Estado ficou abaixo de R$ 30. Um ano atrás, estava na casa dos R$ 35 e ao longo do ano chegou a superar R$ 50.

O analista Paulo Molinari, da Safras & Mercados, lembra que a conjuntura atual é oposta a vivida ano passado. Em 2016, o país atravessava período de exportações fortes, movimento que se iniciou em 2015 e derrubou os estoques. Apenas no primeiro semestre de 2016, os embarques somaram 12,2 milhões de toneladas, 130% acima de igual período de 2015. Para completar, a safrinha no Brasil Central teve quebra significativa. Agora, além das exportações em ritmo mais lento devido ao câmbio, a produção estimada para 2017 chega a 84,48 milhões de toneladas, 26,6% acima do ano passado, conforme dados da Conab.

– Isso só muda se acontecer alguma coisa como quebra da safra americana ou disparada do câmbio – avalia Molinari.

Apesar do incentivo das cotações na época em que os agricultores formavam as lavouras, o Estado tem o quinto ano consecutivo de redução da área plantada. Mantida a tendência, sem perspectiva de reação no valor, há risco de a área voltar a cair na próxima safra.

– O preço, como está, não estimula o produtor. E no curto prazo não vejo algo que modifique esse cenário – resume o presidente da Associação dos Produtores de Milho no RS (Apromilho), Claudio de Jesus.

Para o dirigente, apenas um forte repique do câmbio ou dificuldades na implantação das lavouras nas regiões brasileiras onde há safrinha poderiam mudar o quadro.

As indústrias de carnes de aves e suínos, que ano passado sofreram com o salto das cotações do principal item de seu custo de produção, não estão conseguindo aproveitar a acomodação dos preços. A causa, diz Rogério Kerber, diretor- executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos (SIPS) do Estado, é a falta de caixa.

– O que aconteceu ano passado no país foi algo fora da curva. Agora, voltamos a ficar de acordo com o mercado internacional. Mas o setor que demanda milho está descapitalizado e não consegue fazer as compras do produto que poderia consumir ao longo do ano – observa o dirigente.

Diante do impasse, as indústrias vão tentar junto ao governo federal a disponibilização de uma linha de crédito que dê fôlego para a aquisição de milho.

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